Luxemburgo, um país todo para conhecer em apenas um dia
Luxemburgo, minúsculo país europeu de 500 mil habitantes, cinco vezes menos que a população do Estado de Mato Grosso do Sul, com pouco mais de 80 km de extensão norte a sul e apenas 60 km de leste a oeste, é daqueles exemplos que fazem valer a expressão de que tamanho não é documento. Neste caso, não mesmo, tanto que o único grão-ducado do mundo, um tipo de democracia parlamentar representada pela monarquia, encabeça a lista dos 15 países mais ricos do mundo, entre o Qatar, o primeiro, e Singapura, o terceiro.
Com seus indicadores econômicos em alta e uma economia baseada em instituições bancárias, o charme da sua monarquia constitucional e sua origem medieval contada a partir do ano de 963, a pouca extensão territorial do Grão-Ducado de Luxemburgo é só um fator facilitador para qualquer turista disposto a conhecer o máximo possível de lugares em pouco tempo de permanência. Em Luxemburgo, você pode atravessar o país todo em apenas uma hora.
Localizado entre a Bélgica, a França e a Alemanha, Luxemburgo é como um “Conto de Fadas” com seus encantos e magias, tamanha a sensação de deslumbramento que é capaz de provocar especialmente aos brasileiros, desacostumados a ver rodovias e vias urbanas tão incrivelmente sinalizadas, limpas e sem nenhum buraco.
Chegamos em Luxemburgo, eu e minha filha, no meio da tarde de um dia frio e úmido de janeiro. Viemos de trem (http://www.raileurope.com.br/) desde Amsterdam, na Holanda, com parada em Antuérpia e Bruxelas, na Bélgica, e pouco mais de 5 horas de uma viagem de 416 km entre três países por 68 euros cada bilhete. E pelo que me informei no Luxembourg City Tourist Office (nome das unidades públicas de informações turísticas), dentro da estação, é por trem e rodovias que chega a grande maioria dos turistas, embora a cidade tenha um aeroporto moderno e confortável, o Luxembourg-Findel Airport, distante apenas 5 km da área central.
Logo que deixamos a pequena estação ferroviária já tive a impressão de que estava em um desses filmes infantis produzidos por computação gráfica. A capital Luxemburgo, mesmo nome do país, foi construída em torno de uma fortaleza medieval e fica no alto de montanhas, hoje um tipo de “grand canyon” urbano com direito a vales e desfiladeiros, tanto que você pode até optar entre visitar a cidade alta, onde poderá conhecer, por exemplo, o Palácio Grão-Ducal, residência oficial do Grão-Duque, a Catedral Notre-Dame, belas praças, lojinhas, cafés e restaurantes, e a cidade baixa, que eles chamam de Grund, o chão, a base, e lá, se você gosta de história irá se sentir dentro de um livro.
No período medieval, entre os séculos V e XV, a cidade baixa era onde viviam as famílias menos favorecidas economicamente, e lá uma vila de casas do século XIV na beira do rio Alzete certamente fará com que viaje no tempo. Aliás, o período medieval é muito marcante em Luxemburgo.
Ao longo dos séculos, desde a Idade Média, o país enfrentou várias batalhas contra invasores espanhóis, franceses, austríacos, prussianos, alemães, belgas, e para se defender foram construídas três muralhas, 25 fortalezas e 23 quilômetros de passagens subterrâneas, as chamadas casamatas. As guerras pelo domínio de Luxemburgo cessaram em 1867 com o Tratado de Londres e hoje todos aqueles equipamentos de defesa militar são atrações turísticas.
Na cidade de Luxemburgo você pode ir aos lugares de ônibus, de trem ou mesmo a pé. Tem o sistema de City Sightseeing Luxembourg com ônibus vermelhos de dois andares, tipo aqueles de Londres, que custa 14 euros (adultos) e 7 euros (crianças), e os bilhetes podem ser comprados no próprio veículo para passeios de 24 horas.
Se quiser, pode optar pelo tour do trenzinho verde, o Petrussé Express, por 8,50 euros (adultos) e 5 euros (crianças), e os tickets estão à venda na Place de la Constitution, que é uma praça onde a atração é um monumento em honra aos luxemburgueses mortos na I Guerra Mundial com a estátua de uma mulher segurando um arco no topo, inaugurado em 1923.
Como a cidade é pequena, eu e minha filha optamos por andar a pé e nos ônibus do transporte público. Se estivesse sozinho com certeza a minha opção seria caminhar e caminhar. O ônibus número 16 faz o trajeto aeroporto-estação ferroviária e cruza o centro da cidade em intervalos de 20 minutos por 1,50 euro. De taxi, o mesmo trajeto custa 30 euros.
A rede ferroviária de Luxemburgo é operada pela companhia Chemins de Fer Luxembourgeois, a CFL, e na estação de trens você tem alternativas de linhas para conhecer o interior do país, de norte a sul, como o castelo medieval de Clervaux e os vinhedos do Vale Moselle, com retorno no mesmo dia, e também linhas que integram o Grand-Ducado com a Bélgica, Alemanha, Holanda, Suíça e França. A viagem entre Paris e Luxemburgo pelo TGV, por exemplo, tem duração de 2h05.
Cruzamos com vários brasileiros que vivem em Luxemburgo. Um deles tem um mercadinho de produtos importados do Brasil, bem no centro da cidade alta, que até serve almoço a base de arroz e feijão. Não é raro encontrar alguém que fale português, e nem precisa ser brasileiro. No país são três idiomas oficiais: o luxemburguês, que é um dialeto falado entre eles, o alemão e o francês, mas lá tem muitos imigrantes que saíram de Portugal a partir da década de 1970.
Teve até uma situação típica de “saia justa” que eu protagonizei em um mercadinho, desses tipo conveniência, ao reclamar porque não havia água na prateleira nem na geladeira, só refrigerantes e cervejas. “Não entendo como um mercado não tem água para vender”, comentei em voz baixa com minha filha. Do caixa veio a resposta em bom português: “Você tem razão meu amigo”. Era o dono do mercado, e aí, claro, fiquei sem graça.
Por fim, com base em tudo que vi e ouvi, sugiro que visite Luxemburgo entre abril e outubro. Nos meses de abril e maio o país é colorido pela estação das flores; setembro e outubro, é o outono, e tem a colheita de uvas, sempre um belo atrativo. Ao longo do ano a temperatura média fica na casa de 9 graus, abril é o mês mais seco e julho o mais quente, quando a temperatura chega a 20 graus. Se não curte frio, não faça o que eu fiz e evite programar sua viagem em dezembro ou janeiro. São os meses mais frios e os termômetros chegam a 0ºC. www.lugaresporondeando.com.br