Na estreia da aposentadoria, Amaury viajou 424 km a pé para agradecer a vida
Ele fez o Caminho da Fé, trajeto brasileiro inspirado no Caminho de Santiago de Compostela
Emoção nunca faltou à vida do policial civil Amaury José Pontes, de 53 anos. Mas ao se aposentador há dois meses, ele quis estrear a nova etapa de um jeito bem diferente, caminhando 424 quilômetros por estradas isoladas, na companhia de uma mochila pesada e a natureza.
Enquanto muita gente prepararia as malas e compraria uma passagem para um lugar tranquilo, ele enfrentou dores, exaustão e muito cansaço ao longo do trajeto. Mas cada passo, segundo o policial, valeu a pena para descobrir que os problemas são muito menores do que se imagina. “A gente descobre que é capaz de vencer desafios e principalmente entender o que é desapego”, diz.
Amaury planejou a viagem há poucos meses, após ouvir a experiência de um amigo que fez o “Caminho da Fé”, trajeto brasileiro inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.
A rota atravessa a Serra da Mantiqueira por estradas vicinais, trilhas, bosques e asfalto, todos bem sinalizados, para que turistas e fiéis façam o trajeto com segurança.
O policial saiu de Tambaú, interior de São Paulo e seguiu caminhada até Aparecida. No total foram 14 dias de caminhada.
No início do trajeto, Amaury pensava que o maior desafio seria os 424 quilômetros. Mas no caminho começou a sentir o peso da mochila de 6 quilos, as subidas e descidas que exigem muito do viajante.
“O maior desafio é o calor desgastante que você sente no corpo. Para quem pensa que só a subida e os pontos íngremes são difíceis, descobri que a descida também é muito difícil. Peguei quatro dias de chuva e descer as ladeiras exigem equilíbrio”, lembra.
Na mochila, roupas leves, produtos de higiene, água, frutas e medicações para curativos que são necessários pelo caminho. “Mesmo que você esteja com tênis confortável, a caminhada deixa bolhas nos pés, é preciso cuidar para conseguir dar continuidade ao trajeto”, diz.
O contato com pessoas diferentes pelo caminho e o acolhimento de moradores das cidades pequenas por onde passou foi o que deixou o policial mais emocionado. “As pessoas ensinam muito pelo caminho. Muitas conversavam comigo, ofereciam água, prestavam total solidariedade. O caminho mostra como existem pessoas boas no mundo”, diz.
Além da realização pessoal e uma estreia inesquecível na aposentadoria, Amaury diz que o trajeto foi um momento para pensar na vida e agradecer os anos de trabalho como policial. “Meu primeiro emprego foi aos 11 anos de idade e nunca deixei de trabalho. Quando ingressei na carreira de policial, nunca imaginei quanto tempo ficaria, mas consegui alcançar muitos anos de carreira. Isso é muito emocionante, sou muito grato à profissão”, diz o policial.
Para chegar até o fim, Amaury ensina que é preciso fé, amor e esperança, principalmente, pelo próximo. “É importante agradecer a Deus por tudo e refletir sobre solidariedade. Além de respeitar a natureza que é o nosso maior presente durante a caminhada. São paisagens incríveis e inesquecíveis pelo caminho”.