Nova escola de samba, O Templo sonha com Carnaval visionário
Além de se preocupar com samba-enredo, escola também realiza ações sociais na comunidade
A vontade de fazer um Carnaval visionário fez Robson Faciroli fundar o Grêmio Recreativo Social Escola de Samba O Templo. Com sede localizada no Bairro Vila Taquarussu, a escola é formada em maioria por pessoas da religião matriz africana que unem o samba a ações sociais.
A trajetória da mais nova escola a se filiar a Lienca-CG (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande) vem ao encontro das raízes do diretor Robson. Ele comenta como sempre esteve ligado ao Carnaval graças a influência dos pais.
“A minha família é toda residente da Vila Carvalho, então a minha avó foi a primeira costureira da ala das baianas e por décadas esteve à frente. Um dos meus pais, que é o Newton, foi o primeiro carnavalesco da Vila Carvalho, onde a minha família inteira esteve inserida e alguns ainda continuam inseridos na Escola de Samba Unidos da Vila Carvalho. Então eu nasci e me criei ali na comunidade do samba”, fala.
Robson passou por outras escolas como carnavalesco até que em 2020 junto com a família e amigos teve a ideia de fundar O Templo. A iniciativa, segundo o diretor, vem para somar com a cultura com ênfase em criar algo grandioso.
“É uma escola que vem com uma pegada cultural, social, agregando a comunidade das matrizes africanas. É uma ideia diferente, porque as escolas de Campo Grande sempre vêm com aquela filosofia retrô. Hoje a gente tem um Carnaval de Paulo Barros, um Carnaval de uma juventude que vem se destacando no mundo do samba [...] então hoje nós queremos trazer um Carnaval visionário”, destaca.
A escola de samba se estruturou para poder atender os requisitos da Lienca-CG e no dia 30 de novembro de 2022 foi oficialmente filiada. De 2020 até esse momento, o Templo cresceu, adquiriu instrumentos, carros alegóricos e promoveu diversas ações na comunidade. O diretor explica como funciona essa parte do trabalho e algumas das iniciativas apoiadas e criadas pela escola.
“Nós temos a ação Nós no Axé que é para as crianças e é uma união nossa das matrizes com O Templo. O Templo também reuniu em 2022 os terreiros de Campo Grande e fundou o colegiado setorial da cultura afro-brasileira, participamos da Aldir Blanc, Paulo Gustavo. Em janeiro desde ano levamos 30 crianças para tirar a primeira via do RG, fazemos doação de coberturas, verduras, na pandemia conseguimos atender mais de 600 famílias com cesta básica”, diz.
Além disso, a escola de samba também cede espaço para pessoas do bairro promoverem eventos beneficentes, projetos de aulas gratuitas de judô e capoeira para os jovens e aos artesãos e empreendedores que participam da feira cultural. “Já desenvolvemos várias ações nesses quase três anos e com todas as exigências do Carnaval”, resume o presidente.
Carnaval 2024 - O Templo desfila pela primeira vez no Carnaval das Escolas de Samba no próximo ano. Neste ano, a escola do Bairro Vila Jacy tentou participar, porém foi vetada. Em janeiro deste ano, o Campo Grande News publicou uma matéria sobre o assunto.
Para 2024, o presidente da escola de samba anuncia que o samba-enredo deverá homenagear diferentes figuras femininas. “Para nosso enredo em 2024 a gente fala que No Jardim da Vida a Mulher venceu. Fomos a primeira escola a lançar enredo em 2023, então vamos falar de Mariely, das mulheres da história, da história de Campo Grande, do movimento negro, da cultura, da arte, é um enredo muito rico e vasto”, afirma.
Com vontade de fazer algo diferente, O Templo, conforme o diretor, é visionário para além da passarela e do momento do desfile. “O nosso entendimento é visionário é agregar o jovem e o adolescente. Queremos tentar resgatar a comunidade, inserir na música, percussão, na capacitação, queremos profissionais nossos adolescentes e trazer samba-enredo atuais. Somos a escola de samba mais inclusiva de todas”, pontua.
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