Para folião que ama o Carnaval, a frescura tem que ficar em casa
Fila para comprar bebida, chuva e fedor de banheiro químico são sufocos que "valem a pena" para alguns foliões
Durante cinco dias no ano, a galera topa tudo para cair na folia e curtir o Carnaval sem medo de ser feliz. Para participar dos bloquinhos vale enfrentar fila, encarar banheiro químico fedorento, andar quilômetros e até tomar banho de chuva.
O Lado B foi às ruas conferir o terceiro dia da festa, celebrada no domingo (19) pelo Capivara Blasé, e saber quais são os perrengues que o folião encara de frente para não ficar de fora do Carnaval.
Ontem a chuva foi um dos desafios que o folião enfrentou para ficar na rua e acompanhar a festa até o final. Enquanto uns correram para buscar proteção em bares e prédios da região, outros aceitaram se molhar, dançaram e não perderam o pique mesmo com a roupa encharcada.
Integrando o time dos que aceitaram o banho de chuva para aproveitar o bloquinho está Kênia Aniz, de 39 anos. Acompanhada da família e amigos, ela não perdeu o ânimo e garante que só tem um segredo para lidar com esse tipo de perrengue. “É bom humor. Se tá na chuva é pra se molhar”, ri.
Acostumada a participar da folia desde antes de ser mãe, ela relata outras situações que lida nesse período de festa na rua. “Criança com dor de ouvido na chuva, cerveja com confete. Vir a pé de longe, porque tem que deixar o carro muito longe, são dez anos procurando vaga, mas a gente vence”, afirma.
Quem não tem carro, pelo menos não sofre procurando vaga para estacionar e nem fica preocupado em andar muitas quadras para chegar ao bloquinho. Ainda assim, o perrengue existe e um deles é desembolsar um valor alto na condução ou esperar horas para ter a corrida aceita.
Para não gastar muito com corrida de aplicativo, Ademar Nogueira, de 28 anos, fala o que aceita pagar e que racha a conta com conhecidos quando possível. “Do meu bolso é uns trinta, mas ainda dá pra dividir com amigo”, afirma.
Questionado se o banheiro público é um problema, ele garante que não. "Para gente que é homem é mais fácil, as meninas que sofrem mais. Pra gente é tranquilo, não é um b.o”, frisa.
Após comparecer em várias edições do Carnaval em Campo Grande, Amanda Freitas Souza, de 22 anos, adquiriu experiência com as diversas situações que a folia traz. Ela conta que o que antes achava perrengue hoje enfrenta só pra curtir sem dor de cabeça.
“A chuva é o menor dos perrengues, mas ficar horas em pé é um, usar banheiro químico. A gente aceita porque é Carnaval uma vez no ano. Eu acho que lido melhor agora, porque antes eu ficava: ‘Ah tem que usar o banheiro químico'. Agora não, aceito tudo, porém tô mais cansada. Eu vinha todos os dias, agora falto um, vai mudando o ritmo”, relata.
Acompanhando a amiga, Gabriely Almeida Dias, de 23 anos, concorda que o banheiro não é um dos melhores cenários na folia. “Mas a gente vai na onda”, ressalta.
Quem também ‘vai na onda’ e se joga na folia é Carolina Greguer, de 30 anos. Ao lado das amigas Caroline Ribeiro, de 32 anos, e Amanda Galvão, de 22 anos, ela procurou refúgio numa cervejaria da Avenida Mato Grosso quando a chuva ficou mais forte.
Ao falar sobre os sufocos que vive no Carnaval, Carolina só cita um. “Banheiro químico é um problema, o resto a gente curte”, garante. Acostumada com os bloquinhos, ela dá a dica para quem está começando a ficar confortável e evitar a famosa dor no pé de tanto andar. “Roupa leve e tênis”, resume.
Se tudo na vida exige sacrifício, com o Carnaval de rua não seria diferente. Por isso, Everson Castilho, de 24 anos, aceita encarar o que mais detesta só para ficar no bloquinho com os amigos.
“Algo que eu detesto mesmo, mas enfrento no Carnaval é fila e multidão. É um perrengue muito grande você ter quer ficar o tempo todo indo se deslocar desde a área onde tá a música alta as barracas onde estejam vendendo bebida mais barata. São perrengues que aceito para curtir a folia, não é algo muito legal, eu detesto fila e faço esse esforço pelo Carnaval”, destaca.
A turma de amigos formada por Maria Luiza Soares, de 23 anos, Pamela Herrera, de 20 anos, Nathan Rogério e Benhur Freitas, de 25 anos, provam que nem tem perrengue que vale a pena, porque no fim rende muita história pra contar.
O grupo apostou na fantasia dos Smurfs para curtirem o terceiro dia de Carnaval. Maria Luiza Soares fala que esse é o tipo de coisa que topa só porque a data exige. “Se pintar de azul na chuva, nunca mais, mas foi muito legal, então vale a pena”, pontua.
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