Para não ficar em casa, ela contratou parceiro de dança
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Se de graça é complicado achar um companheiro de dança, o jeito é pagar. Passar o domingo em casa assistindo televisão, comendo ou fazendo tricô não está nos planos.
Há 2 anos, a professora aposentada Maria de Lourdes Melo, de 67 anos, resolveu deixar a preguiça de lado e “sacudir o esqueleto”. Descobriu o prazer da dança e o bem que faz se remexer.
O problema é que mesmo com tanta disposição é difícil achar parceiros na casa de dança que costuma frequentar aos finais de semana. Para não ficar sozinha, ela contrata um dançarino exclusivo.
“Quando eu comecei a fazer aula de dança descobri que eu poderia contratar os auxiliares do professor nos dias que ele não estava trabalhando”, conta.
Hoje, aos finais de semana, dona Maria sempre está com ele. A diária, das 14h às 20h, custa R$ 70,00. Melhor pagar do que correr o risco de ficar sentada, olhando o povo se divertir.
Quando vai sozinha e encontra um parceiro disponível, além do pouco tempo que tem para se adaptar, às vezes não fica à vontade. “Alguns não são agradáveis, ficam dando em cima da gente”, reclamou.
Com o dançarino não há esse problema. Está acostumada com o rapaz e sabe que ele vai se portar profissionalmente.
O “personal dancer”, como eles são chamados, atendem geralmente aos finais de semanas, fora do horário de expediente. O trabalho, que funciona como um “bico”, acaba virando diversão.
No último domingo, Claudinei Sebastião Paixão, de 33 anos, foi o parceiro de Maria de Lourdes.
Durante a semana, ele é vendedor em uma autopeças e também atua como dançarino em uma companhia da cidade. Nas folgas, assume o papel de personal.
Claudinei tem clientes fixas. A professora aposentada é uma delas. Como cliente, dona Maria é exigente. “Tem que ter disposição”, diz.
Depois de ficar 8 anos parada, ela não pensa em abandonar a dança, nem o dançarino. A atividade, conta, mudou sua rotina e deu um novo sentido à vida.
"Trabalhei 32 anos, cuidando de 40 alunos de manhã e à tarde. Quando aposentei fui ficando sem vontade de ir para os lugares", relembrou um tempo que agora é passado distante.
Para o professor, que dança de tudo, disposição é o que não falta. “A gente acompanha a cliente, né?”, disse.