Para ver filmes e lua, alunos unem cinema à ciência em debate de astronomia
Toda quinta-feira, na UFMS, programa é observar e falar sobre oo céu
Com a proposta de debater astronomia, acadêmicos do curso de Física da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) realizaram toda quinta-feira o Cine Cosmos. A ideia é unir o cinema à ciência para que os participantes refletissem e entendessem a importância do assunto para os dias atuais. Hoje (22), a partir das 18h, é a vez do episódio sete de “Cosmos Ep. 7: A Espinha Dorsal da Noite”.
“O projeto nasceu com a ideia de popularizar a ciência. É realizado a exibição do filme e depois se faz a discussão, explicando sobre a teoria física. Estamos aqui para explicar e desvendar. Tem muitas obras ícones como ‘Interestelar’ que as pessoas assistem, mas não têm noção do quanto de física tem. O modelo de buraco negro que é mostrado lá, é um modelo que é usado para ilustrar como é. Atualmente temos fotos de buraco negro”, disse o acadêmico de física, RobertRogger, 27 anos.
Ele participa das sessões de cinema desde 2017, quando iniciou os estudos de Física. Ao final da transmissão, foi realizado um debate com as pessoas que assistiram. “Falamos de outros trabalhos do [cientista] Stanley Kubrick e de comparações com o trabalho mais recente do [diretor de cinema] Christopher Nolan. Debatemos as últimas cenas e o significado delas quanto à evolução da compreensão humana”, comentou.
O Cine Cosmo faz parte do Clube de Astronomia Carl Sagan, e acontece semanalmente todas as quintas-feiras no Anfiteatro da Casa de Ciência e Cultura de Campo Grande, localizado na UFMS. A proposta é boa, mas, poucas pessoas, cerca de dez, participaram da sessão de ontem. Foram quase três horas de filmes e os expectadores estavam empolgados. “Alguns já haviam visto a obra, porém, assistir novamente em telona é emocionante”, afirmou Robert.
O coordenador do projeto, Henrique Amaral Arcuri, 19 anos, explicou a proposta do clube de astronomia. “Fazemos divulgação científica. A proposta de cinema começou em 2016, já exibimos outros filmes. Queremos levar esse conhecimento para que as pessoas evitem acreditar em falácias, e busquem na ciência".
Na semana passada, o Lado B acompanhou a exibição de "Uma Odisséia no Espaço". "Esse filme em especial mostra a viagem espacial, no qual os personagens vão explorar o espaço. Fala sobre as ideias que tinham na época, as dificuldades interespaciais. Acreditavam no avanço da ciência”, disse Henrique.
A obra foi gravada em 1968 e se passava no futuro, em 2001. “Eles pensaram que nesse ano já teriam viagens intergalácticas. Achavam que a lua era o primeiro passo e cada vez mais ganhariam espaço. O que já aconteceu foi a viagem até a lua, e a sobrevivência do humano no espaço”, explicou Henrique.
Quando as sessões de cinema são ligadas a outras áreas, como biologia, os organizadores chamam convidados para esclarecer dúvidas e explicar melhor o tema após o filme. Antônio Medeiros, 65 anos, descobriu o projeto Cine Cosmos há pouco tempo, e desde então frequenta o local para saber mais informações.
“Quando morava em São Paulo sempre acontecia a SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência], mas nunca tive a oportunidade de ir por conta do trabalho. Hoje estou aposentado, e quando soube dos eventos de ciência passei a vir para ver como era. Não perco mais nada”, disse.
Ele afirmou que mesmo sem ter o curso superior, aprendeu a enxergar as constelações do céu a olho nu. Toda vez que escurece, passa um tempo observando as estrelas. “Vejo as constelações de ‘Orion’, ‘Ursa maior’”. Antônio quer voltar a estudar para se aprofundar mais no tema. “Já fiz o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] duas vezes para voltar as salas de aula. Venho aqui na universidade, visito a biblioteca. Fiquei sabendo que tem bastante vaga para o pessoal da terceira idade, mas a área que eu gosto não está disponível no momento. Quero voltar a estudar para minha cabeça continuar boa e não me sentir ocioso”, destacou.
Guilherme Meireles é estudante de engenharia ambiental, estava passando em frente ao clube de astronomia quando viu o telescópio posicionado e pediu para observar a lua. Ele não conhecia o projeto de cinema, mas confessa que a proposta é interessante. “Parei por curiosidade. É bom entrar em contato com o mundo da astronomia. Os filmes me interessam e já assisti o ‘Interestelar’, que me fez refletir sobre esse universo”.
Dener Augusto não é estudante da UFMS, mas sempre assiste aos filmes do Cine Cosmos. “É importante pelo conhecimento e a popularização da ciência que os filmes geram na discussão sobre o assunto. Estou em Campo Grande há 4 anos, comecei minha graduação em Geografia, mas quero transferir pra cá”, falou.
O Clube será apresentado aos novatos que tiverem interesse em fazer parte da equipe. Os integrantes vão contar a história do projeto e os trabalhos realizam. Os que quiserem serão inseridos nas atividades do grupo.
Programação - No dia 29, o projeto exibe obra “Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan”. O clube de astronomia ainda está se organizando para realizar a observação do céu na Feira Central no dia 31 de agosto.