Praça abraça bloco que há 12 anos vê beleza em cenários esquecidos

A Orla do São Francisco ganhou fitas coloridas e estandartes para receber o Carnaval do bloco Evoé Baco, na noite desta quinta-feira (16). O lugar, que não costuma ser usado para fins culturais, serviu de palco para o grupo que há 12 anos faz a folia acontecer em Campo Grande e vê beleza em cantinhos esquecidos ou invisíveis.

Com muita música e entoando canções como ‘adorê, adorê as almas. Não dá pra parar a nossa cultura é popular. [...] A rua é nossa’, o bloco recebia aqueles que chegavam ao espaço.

Uma das vozes que fazia coro com as dos foliões era a de Fernando Cruz, de 60 anos. fundador do bloco, que não escondeu alegria em retornar o Carnaval dos bloquinhos após um período difícil com a pandemia de covid-19.

“É voltar para celebrar, celebrar que estamos vivos num País democrático que respeita a ciência, a mulher, o indígena, a cultura e o Carnaval. Estamos na rua para celebrar a vida”, enfatiza.

Além da celebração, ele destaca que a escolha da Orla São Francisco é para mostrar como a cultura pode mudar a realidade de um espaço, e que o Teatro Imaginário Maracangalha sempre utilizou a região para fins artísticos.

“O pessoal chama de Praça Maracangalha e realizamos algumas ações nossas, como o Sarobá e o Carnaval.  Fizemos muitos anos o Sarobá nesse lugar aqui também. É pra poder valorizar, mostrar pra cidade que existem lugares e existe público. Para ter política pública, arte e lazer e cultura em espaços públicos”, afirma.

Com um público versátil, composto por crianças, jovens, adultos e da melhor idade, a festa trouxe atrações musicais para animar a noite. Foram convidados para tocar os DJs Aruan, Keertana, Lucas Mourão e Tamys.

O ritmo da folia também foi ditado pela charanga que é feita a muitas mãos e por diversos instrumentos, uma tradição no cortejo. “A charanga do Carnaval é aberta, então durante os últimos meses realizamos vários encontros em espaços públicos. As pessoas que tinham interesse vinham chegando com seus instrumentos, muitos improvisados, como panelas, bacias ou latão”, diz.

Quem aproveitou para curtir a folia e fazer parte da charanga foi o artista Victor Pereira, de 26 anos. O jovem relata como conheceu o grupo e que está se organizando para curtir os bloquinhos na Esplanada Ferroviária.

“Eu conheci o pessoal do Maracangalha, acompanho o trabalho deles de arte e agora comecei a treinar na charanga. Comecei a participar para ensaiar, conseguimos nos organizar um pouco antes do Carnaval. Quinta-feira ainda é tranquilo porque sou autônomo, mas tô me organizando para ir nos outros dias”, relata.

Quem mora na região gostou de ver a praça dominada pelo clima carnavalesco. A professora Jaqueline Crespi, de 36 anos, comenta que a última vez que viu o Carnaval no bairro foi nos tempos de uma escola de samba.

“Tinha mais, porque tinha a escola de samba da Igrejinha, mas foi há muitos anos”, recorda. Convidada por uma amiga, ela quis conferir o bloco que representa o tipo de folia que mais gosta. “A gente curte mais o Carnaval de rua, os bloquinhos, essas coisas mais do povo mesmo”, destaca.

O arquiteto Igor Munareto, de 29 anos, também aproveitou a quinta-feira para prestigiar o bloco Evoé Baco. Fã de Carnaval por causa da ‘animação’ e ‘criatividade’ do pessoal, ele destaca que ficou surpreso com o que encontrou na praça.

“A gente sempre passa aqui tão rápido de carro e não imagina que tem esse lugar aqui com uma baita estrutura, aconchegante, com pôr do sol. É um lugar convidativo para vir passear”, pontua.

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