Quem não tinha nem tênis para calçar, hoje pratica esporte de rico
ONG Recanto da Criança trabalha com crianças e adolescentes há 23 anos no Jardim Campo Belo
Recebendo mais do que apenas um prato de comida, crianças e adolescentes do Jardim Campo Belo, na região norte de Campo Grande, têm aprendido a sonhar alto. Impulsionadas por ONG através de atividades que vão desde música até danças, quem não tinha nem calçado quando chegou ao espaço, hoje pratica até tênis.
Vice-diretor do Recanto da Criança, o militar aposentado Ricardo Samaniego, de 65 anos, conta que 70 crianças e adolescentes são atendidos pela ONG, que existe há 23 anos. Assim como outras organizações da cidade, o local oferece atividades em contraturno escolar, mas o principal diferencial tem sido mesmo levar o “esporte de rico” para as crianças da periferia.
Orgulhoso do projeto, Ricardo conta que foi convidado em 2017 para integrar a ONG como voluntário e, pensando sobre o que poderia oferecer, decidiu levar as raquetes para aquele público que nunca havia chegado perto do instrumento.
Praticante do esporte há anos, o militar aposentado relembra que não tinha muitos instrumentos. Por isso, na época, as 70 crianças precisavam dividir três raquetes e cinco bolas.
Com o passar do tempo, parceiros foram conquistados e novos instrumentos para aumentar a qualidade dos treinos passaram a integrar o cenário. Hoje, além de raquetes e bolinhas, todas as crianças treinam em uma quadra específica para o esporte.
“Você imagina como é ter aula de tênis com uma quadra coberta em uma comunidade carente, como é aqui. Quando a gente começou, nem tênis para calçar eles tinham e hoje, estão aí jogando”, explica Ricardo.
Integrantes do grupo de alunos que treinam duas vezes na semana, Josilaine, de 13 anos, e Samuel, de 15, contam que, antes de ter contato com o tênis na ONG, haviam visto o esporte apenas em filmes.
Mais experiente nos treinos, a menina detalha que nunca havia imaginado se aproximar das raquetes, mas, assim que teve a oportunidade, não quis perder a chance. “Eu treino já tem mais ou menos cinco anos e gosto mesmo. Toda vez que tem treino, eu venho”, diz.
Também dedicado ao esporte, Samuel explica que a importância do esporte vai para além da diversão. “Aqui, eu aprendo coisas diferentes, igual o tênis. Se eu não pudesse ficar aqui, ia ficar só cuidando dos meus irmãos em casa. Então, gosto mesmo de treinar”, explica.
Além dos dois, a animação com o esporte é geral. Questionados sobre a vontade de jogar e até de se tornar um profissional do tênis, cada um aproveitou para dizer que sonha com esse futuro.
Instrutor dos grupos, o professor Ailton Costa da Silva, de 46 anos, conta que acumula mais de 20 anos de experiência dando treinos de tênis e que atuar na ONG tem sido uma experiência diferente.
“Aqui, nós estamos pensando muito em formar pessoas para o futuro. Eles começam a treinar e, a partir disso, têm a possibilidade tanto de seguir essa carreira e buscar bolsas de estudo até seguir uma faculdade de Educação Física. É interessante demais”, diz.
Além do tênis, o Recanto da Criança ainda oferece oficinas de dança com balé, hip hop e jazz, aulas de música, além de oficinas de cidadania abrangendo temas transversais.
Para conhecer mais sobre os trabalhos oferecidos pela organização, acesse a página no Instagram @recantodacrianca ou entre em contato através do número (67) 3354-4746.
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