Sarobá completa 9 anos trazendo à tona pessoas aparentemente invisíveis
Evento gratuito mantém a identidade de ocupar espaços públicos e fortalecer a vida cultural da cidade
O Teatro Imaginário Maracangalha celebra 9 anos do Sarobá, neste sábado (12). Inspirado na poesia e obra ‘Sarobá’, escrita em 1936, pelo poeta corumbaense Lobivar Matos, o evento mantém os princípios de ser uma ação cultural de múltiplas linguagens artísticas.
Nessa trajetória o grupo mantém a mesma identidade, que é ocupar espaços públicos, desvendar lugares esquecidos ou não conhecidos, fortalecer a vida cultural da cidade em resposta a pouca programação cultural nos espaços públicos abertos e dessa forma promover a cultura da paz pela arte na cidade.
Ao longo desses nove anos o evento segue gratuito e resgatando a história de Campo Grande e de seus moradores através da memória dos bairros, das praças, dos botecos, freguesias e moradores locais que acabam contando do que é feita a cidade, como ela é construída pelos seus trabalhadores, os momentos alegres, os momentos tristes. No evento, fala-se de política, de arte, de amor, de casamento, de morte, de perdas.
“É uma conversa dinâmica com a cidade, trazendo à tona pessoas que aparentemente são invisíveis para o poder público, mas são visíveis aos olhos da arte e da cultura que mantém sua importância como ponto de vista sobre a cidade”, explica o ator e diretor Fernando Cruz.
Segundo Fernando, o evento tem sido importante nos últimos anos porque se afirmou como algo importante para vida cultural da cidade, aprofundando um conhecimento sobre seu povo e arte produzida aqui. “Integrando a comunidade, apostando na autogestão como forma de difusão de artes”, explica.
O evento é realizado, em sua maioria, de forma colaborativa. Neste ano, não há nenhum apoio do poder público com banheiro ou som, o mínimo para estrutura, mas com a colaboração de artistas, moradores e a galera que comercializa no espaço, o grupo teatral consegue manter o evento com a mesma identidade desde a primeira edição.
Isso para o diretor é transformador. “Em tempos de censura, o Sarobá ainda sobrevive como um evento transgressor, revolucionário, pacífico e artístico acima de tudo. Ele transforma e mexe com os corações e mentes das pessoas”, diz.
Nesta edição o lugar também é especial. Mais uma vez realizado na Orla Ferroviária, porém em um ponto diferente das outras edições. Será ao lado do pontilhão, próximo a uma arena que nunca foi utilizada. “Simbolicamente ela está abaixo do pontilhão que é símbolo da Noroeste do Brasil, patrimônio cultural e histórico abandonado pelas políticas públicas de cultura da cidade. E do outro lado o Centro Belas Artes que também se encontra abandonado, depois de ter sido feito um investimento grande de dinheiro público. É uma estrutura abandonada mostrando como é simbólico o abandono da cultura da cidade quando se comemora 42 anos de Divisão do Estado”, lamenta.
Mas por outro lado, Fernando se anima porque tem muita atração cultural acontecendo de forma independente na cidade e o Sarobá é uma delas, mostrando que arte e a cultura estão vivas em Campo Grande. “São 9 anos de evento gerando cultura e interação entre a comunidade”.
A programação está bem diversificada, começa às 15 horas com aula de ioga e vai até à noite com música, dança, performance, cultura popular, cultura da infância, gastronomia, bebida e celebração da arte.
O evento será na Orla Morena, entre Avenida Ernesto Geisel e Rua Laguna, sem número.
Confira a programação completa aqui.
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