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Diversão

Sozinho, Iggy economizou tudo que podia e conheceu mais de 70 países

Foi juntando centavos que ele fez suas primeiras viagens, e encantado com a interação antropológica, escolheu destinos preferidos

Thaís Pimenta | 02/08/2018 06:50
Iggy e dois indianos, que estavam em um ritual religioso. As várias influências culturais do país tem na religião sua base cultural.
Iggy e dois indianos, que estavam em um ritual religioso. As várias influências culturais do país tem na religião sua base cultural.

Foram mais de 70 países visitados e em todas as viagens, o empresário, engenheiro e professor Igor Petri de Oliveira, conhecido por Iggy Spencer optou pelo mochilão. Dos seus 37 anos, pelo menos 20 deles Iggy passou em busca de novas aventuras e com tanta bagagem e história pra contar, ele conversa com o Lado B sobre as delícias de ter uma alma aventureira. 

Iggy começou suas viagens pela América do Sul por causa da localização geográfica de Campo Grande. Aos 18 anos, economizava tudo que podia para se meter no mundo, e mesmo sendo um mochileiro pobre conseguia se divertir tanto quanto um viajante de primeira classe. Ele já pediu carona, foi de pé no ônibus, pegava busão fora da rodoviária, tudo para economizar o pouco que tinha no bolso.

"É prático ir pra Bolívia, pro Chile, pro Peru. Na verdade, tanto o norte da América do Sul, quanto o sul, o Paraguai, Argentina e sul do Chile, são destinos próximos a nós, então gasta-se pouco por conta do real ser mais valorizado por aqui, e em menos tempo dá pra conhecer o máximo destes locais", explica ele, que já conheceu todos os países próximos a nós.

Castelo medieval no interior da Lituânia, que foi remodelado para receber os turistas.
Castelo medieval no interior da Lituânia, que foi remodelado para receber os turistas.

Depois da América do Sul, Iggy foi para a África e para a Europa. "Foram várias viagens, cada vez de acordo com o tempo que eu tinha. Tirava dois meses e ia", detalha ele. Pouco a pouco ele foi entendendo o que ele buscava em casa destino: descobrir os detalhes das interações antropológicas das pessoas no meio em que vivem. "A antropologia, religião, alimentação, saber quais alimentos crescem naquela região, as relações de colonização, a arquitetura e o conceito de felicidade desses povos".

Na Europa ele se instalou em Londres e lá ficou por 6 anos. "Acho importante pontuar isso porque foi por conta de estar lá, receber em euros, que foi possível conhecer todos os países europeus. Não é barato ir pra Europa com reais", pontua.

Pub original em Londres, movimentado até bem tarde da norte.
Pub original em Londres, movimentado até bem tarde da norte.

Foi no continente europeu que ele encontrou uma das formas de felicidade mais singelas, sendo mais preciso, no interior da França. "A população mais velha tem costumes bem práticos de vida e eles são felizes a seu modo. Aversos a tecnologia, à mudanças. A vida e a felicidade pra eles funciona na calmaria, na rotina. É como se vivessem no passado, prezam por algo simples, em cozinhar com calma, fazer o almoço em família, e experimentar esses momentos assim".

E na busca de mais experiências que pudessem lhe permitir um aprofundamento em si e nas culturas alheias a dele, Iggy foi pro sudeste asiático, conheceu todos os países por lá, e depois foi pra Índia, onde ficou imerso por 8 meses. "A intenção era provar que você consegue ser feliz sem nada. Que você já tem muita coisa pra ser feliz. Queria me descobrir, entender que tudo que eu precisava estava dentro de mim, e eu consegui".

Iggy em Veneza. (Fotos: Acervo Pessoal)
Iggy em Veneza. (Fotos: Acervo Pessoal)
Rio Sena, na Ilha da Cidade, onde começou Paris.
Rio Sena, na Ilha da Cidade, onde começou Paris.

Na Índia ele viu muita gente vivendo transformações pessoais intensas, mais radicais que suas próprias experiências. "Vi muito americano aposentado jogar seu passaporte no rio e viver como peregrino na Índia".

Nos países budistas em geral ele notou uma particularidade. "Parece que as pessoas são mais tranquilas, mais calmas, mais felizes. O conceito de tempo deles também é o oposto do nosso. Não tem essa de marcar um horário, vai na hora que der", completa Iggy.

Ao voltar para o Brasil, o professor chegou transformado. E essa revolução pessoal refletiu até mesmo em seu trabalho. "Hoje eu trabalho com temperos, eu adoro a culinária e essas viagens foram importantes para eu descobrir sabores diferentes, únicos. Hoje eu tenho uma fábrica de temperos, fui trazendo essas coisas que eu conheci e entendi que era importante passar adiante o que experienciei no exterior".

Iggy em um Iaque,no Nepal, uma espécie de búfalo peludo, atração turística no local.
Iggy em um Iaque,no Nepal, uma espécie de búfalo peludo, atração turística no local.
Em Camboja, em frente ao templo gigante de Angkor.
Em Camboja, em frente ao templo gigante de Angkor.

Ainda no sudeste asiático, ele se lembra de duas situações extremas que passou sozinho. "Fui visitar um vilarejo na divisa da Índia com Paquistão e teve um avalanche. Fiquei preso vários dias na cidade porque era impossível sair. Outra vez um macaco me arranhou na Índia. Quando fui até o hospital tomar uma vacina antitetânica vi que eles não trocavam a agulha. Então preferi arriscar ter tétano a ter AIDS", conta ele.

Em relação a valores, os países do sudeste asiático são os mais baratos para conhecer. Por dia, dá pra gastar menos de 10 dólares, o que daria cerca de R$ 40. "A Índia, Mongólia, Síria. Isso inclui hotel, comida e transporte". O inglês é idioma indispensável pra quem sonha em rodar esse mundão, ao menos é o que Iggy notou nesses mais de 20 anos na estrada. "E nos países em que o inglês não é falado, que são poucos, a tecnologia, os aplicativos de tradução, são uma mão na roda".

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Igor em um templo antigo dentro da China, da época do Xintoísmo.
Igor em um templo antigo dentro da China, da época do Xintoísmo.
Iggy na Birmânia, um dos locais mais bonitos que já visitou.
Iggy na Birmânia, um dos locais mais bonitos que já visitou.
Iggy ainda na Birmânia, onde conheceu uma menina girafa, com colares no pescoço.
Iggy ainda na Birmânia, onde conheceu uma menina girafa, com colares no pescoço.
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