Tem gente bem nova começando no Chamamé de Mato Grosso do Sul
Elinho do Bandoneón tem no sobrenome o instrumento que fez dele um dos principais representantes do Chamamé em Mato Grosso do Sul. Aprendeu primeiro o acordeom, mas aos 36 anos, quando decidiu tocar bandoneon, foi direto à fonte, em Corrientes, província da Argentina, onde nasceu o estilo musical.
“O que eu gosto no Chamamé é a sua pureza. É música refinada como uma poesia. Mas é para um público específico, para quem aprecia música clássica”, avalia.
Nas paredes do Centro Cultural do Chamamé, em Campo Grande, Elinho tem o nome escrito em tijolos que lembram dos artistas que estabeleceram a música como identidade sul-mato-grossense.
Ele é um dos “caras” das antigas, o começo para uma garotada que muito nova já leva o Chamamé como arte em Mato Grosso do Sul.
O filho caçula, Rafael, tem 15 anos. Entre os 10 filhos de Elinho, o “rapa do tacho” foi o que tomou mais gosto pelo ritmo e hoje toca ao lado do pai, feliz da vida.
“Aos 10 anos demos ao Rafael um violão, e então uns amigos argentinos de Corrientes vieram nos visitar e o menino tomou gosto pela música”, conta o pai orgulhoso.
Na “família chamamezeira” criada em torno do Centro Cultural, o agrônomo Jânio Fagundes Borges, 53 anos, é chamado de historiador, tamanho o interesse pelo assunto.
“Frequento aqui desde que começou, e acho essa iniciativa muito válida. Antes não tínhamos muita opção de onde ir, só na Colônia Paraguaia que tinha programação só as vezes”.
Para ele, “o Chamamé esteve engavetado , mas houve um resgate. E isso aconteceu por que no fundo as pessoas gostam”.
E a devoção começa cedo. Aos 9 anos, Roberto Rech toca sanfona desde os 5 e hoje é uma das apostas do Chamamé em Mato Grosso do Sul. Filho de gaúcho, o menino não é fraco e já subiu ao palco duas vezes com a dupla Maria Cecília e Rodolfo.
“Meus amigos acham estranho eu gostar e tocar Chamamé, mas eu não me importo, acho a música bonita”, justifica.
Mais do que ler, bom mesmo é ouvir. A garotada deve acompanhar os pais chamamezeiros a Rio de Brilhante, uma oportunidade para quem gosta do som.
Dos dias 21 a 23 de setembro, o município terá o maior encontro no Estado de chamamezeiros, na chácara Boa Vista, saída para Maracaju. A entrada é franca.