Violada no museu com Beth e Betinha revive sertanejo raiz em local histórico
Ideia de unir música, cultura e história em uma noite é ótima, mas com a primeira tentativa do evento cancelada e pouca de divulgação na segunda, público não apareceu
Antiga morada de José Antônio Pereira, a sede da Fazenda Bálsamo é hoje museu que abriga parte da história de Campo Grande e normalmente fecha as portas às 17h. Mas nesta quarta-feira (19) as luzes da casinha branca na Avenida Guaicurus, no Jardim Monte Alegre, ficaram acesas até um pouco mais tarde. Do portão de entrada, a música animada de raiz convidava a entrar quem por ali passava.
Com o nome de Violada no Museu, a proposta é unir história, música, cultura e aumentar o público que visita o local histórico, com entrada gratuita. Quem apareceu teve a oportunidade de andar pela casa de José Antônio, como em um dia de visitação comum, com a equipe do museu para orientar e guiar os curiosos, com o bônus da música das duplas Beth e Betinha e Márcio Santos e Claudiney, criando um ambiente que era quase uma viagem no tempo, com canções que fazem parte da memória afetiva do sul-mato-grossense.
O show começou por volta das 19h e teve quase 40 minutos de duração, com Beth e Betinha, dupla importante no repertório musical e canções que relembram as noites do pantaneiro em volta da fogueira, ou os bailes tradicionais em clubes e salões de festa que só acabavam com o amanhecer do dia e eram de desgastar a sola dos sapatos.
Depois da cantoria, Beth e Betinha aproveitaram a noite para caminhar pelo chão de pedra e tábuas da casinha branca, observando os detalhes dos móveis, originais da época de José Antônio Perreira e que resistiram a ação do tempo, e é fácil compreender o motivo do encanto, as duas têm quase tanta história como o próprio museu. "São mais de 60 anos só de carreira, estamos aqui escolhendo o nosso lugar para quando também formos parte do acervo", brinca Betinha, enquanto observa os detalhes da construção de paredes de barro.
Não é a primeira visita da dupla ao museu, mas é o primeiro show no local com o projeto Violada no Museu, para o qual as irmãs que começaram a tocar aos 18 e 12 anos de idade e nunca tiveram o desejo de abandonar os palcos, emprestaram brilho e vitalidade ao evento que nem mesmo o público restrito foi capaz de apagar, da parte delas, mereceu toda pompa e circunstância com direito a figurino combinando e fios de cabelo vermelho vivo recém retocados.
Cadê a platéia? - Faltou mesmo só o público, que foi bem reduzido, cerca de 20 pessoas, incluindo, os funcionários do museu.
Aposentada e estudante de Turismo, Georgiana Silva de Oliveira, de 64 anos chegou acompanhada dos amigos às 19h30, mas perderam o show que foi cronometrado, para ela que só ficou sabendo do evento ontem, a divulgação fez falta, além do horário que foi curto e uma estrutura que oferecesse cadeiras aos idosos, apesar disso ela elogia a inciativa e lamenta ter perdido a dupla Beth e Betinha, "imaginamos que elas se apresentariam depois da dupla Márcio Santos e Claudiney, mas pelo que deu para ver, foi logo no começo e acabou rápido. Na divulgação do facebook não dizia a hora que iria acabar", relata.
O evento estava previsto na agenda do município para o segundo semestre, de acordo com a secretária adjunta e superintendente de Cultura, Laura Miranda, tinha data marcada para o dia 07 de dezembro, acabou cancelado por uma "questão interna de atendimento e montagem da estrutura por conta da Cidade do Natal, inaugurada no mesmo dia. Foi reagendado por causa dos artistas, que já havia sido contratados".
Laura ressalta que a ideia do Violada no Museu veio de uma reunião com os funcionários mais antigos do local, para tentar revitalizar a sede da Fazenda Bálsamo e atrair um público maior, dessa vez o evento foi pequeno, sem custos para a prefeitura e falta de divulgação foi proposital, por ser um "projeto piloto, queríamos primeiro entender como seria possível realizar eventos como esse no local, inclusive a proposta da violada está muito relacionada ao bairro e ao estilo mais rústico daquela região.
Para 2019, a partir de fevereiro, a ideia é aumentar a estrutura. "Vamos colocar tendas e montar barracas com comida e venda de artesanato, além do show ao vivo. Para a primeira edição, podemos considerar o teste muito bem sucedido, a iniciativa é nova e ousada, pelo local distante, e público que não está acostumado a frequentar um museu, conseguimos ter uma ideia do que será necessário nas próximas edições", garante.
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