Antes da Zumba, dança afro-latina já trabalhava até feminismo nos passos
Uma sala que toca um ritmo que vai do axé ao que lembra o tribal africano. Quem acompanha os passos está "suando em bicas", como dá até para notar nas fotos. A aula de danças afro-latinas deve emagrecer, mas esse não é o principal tratado pelo professor que ministra o ritmo há 7 anos.
Teodoro Caffé é sociólogo e educador físico. Juntou a bagagem das duas faculdades para reunir na dança técnicas e conhecimento e até bater na tecla do feminismo. "Essa dança é o balé popular, usei a disciplina que tive no curso de Educação Física, para aplicar as técnicas de lateralidade, plano alto, médio, espacidade, equilíbrio, ritmo e melodia", descreve.
Antes mesmo da zumba ter nome, marca e ser moda, ele já ensinava nas academias. "Na minha concepção, são todas as danças que tem como matriz a cultura africana", define Téo. A ula tem duração de 1h e circula do axé, salsa, zumbia, samba, pagode até os ritmos tribais, reunindo o aspecto aeróbico e também plástico da dança.
"Trabalhamos linhas de ombro, quadril, eixo, ponto de equilíbrio, postura e todos os músculos: bíceps, tríceps, peitoral e abdômen", descreve o professor.
Entre os alunos, a maioria mulheres, a aula chega a passar até rápido demais. Comerciante, Conceição Pedrasa, de 55 anos, está na segunda temporada da dança. Ela começou e parou e agora completa quatro meses desde a volta.
"São vários tipos de dança juntos e isso africano, mexe muito com o corpo. Eu acho até que a aula deveria demorar mais", opina. Conceição conta que no primeiro mês de aula, a balança que marcava 64kg, ela viu cair para 58. O que considera vitória.
Manicure, Marlene da Silva, de 41 anos, é uma das alunas mais antigas e percebe que a dança vai além do estético. "Pela saúde da gente é uma melhora, para o estresse do dia a dia. Eu me encontrei aqui", descreve.
Como feminista, Téo explica que pela dança trabalha a consciência, a expressão corporal e ainda as relações de gênero.
"Com tantas regras impostas pela sociedade, a gente 'enferruja quadril, joelhos', é aquela coisa do "não pode" e a dança trabalha a flexibilidade reprimida e a explora a sensualidade do corpo que a sociedade tende a engessar", explica o professor.
A aula de danças afro-latinas custa R$ 60,00 e é dada duas vezes na semana, às terças e quintas, na academia 1º Round, do boxe do Tião, na Rua Rua Bartolomeu Dias, nº 4, esquina com a Orla Morena.