Falta de informação fez Bernardo dedicar vida à saúde LGBTQIAP+
Ele é o 1º brasileiro a receber certificado internacional de atenção à saúde transgênero e de gênero diverso
Campo-grandense, o médico psiquiatra Bernardo Rahe é o primeiro brasileiro a conseguir uma certificação internacional de atenção à saúde de pessoas transgênero e gênero diverso. Dedicado à saúde LGBTQIAP+ desde o início de sua vida profissional, ele conta que a falta de informações em solo brasileiro foi um dos motivos para se empenhar há quase uma década para difundir o assunto.
Certificado pela Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero, o médico explica que a instituição se dedica a promover pesquisas, difundir os direitos das pessoas trans e levar questões atuais de saúde para diversos países. Além disso, publica um protocolo sobre o atendimento integral às pessoas trans e gênero diverso baseado em evidências e de tudo o que há de mais moderno.
Explicando sobre a importância de mais médicos e profissionais da saúde se capacitarem em relação à saúde LGBTQIAP+, o psiquiatra detalha que um dos grandes entraves para que essa população seja bem atendida é causado tanto pelo preconceito quanto pelo despreparo.
“Pessoas trans que precisam do SUS acabam tendo um acesso mais difícil, seja porque alguns lugares não aceitam acompanhar, a fila de espera da cirurgia é muito grande e nem sempre há hormônio disponível nas cidades. Isso até por causa dos preconceitos de profissionais de saúde que são pouco capacitados, então temos muito a fazer ainda”, explica Bernardo.
Apesar disso, acreditando que a atenção à saúde LGBTQIAP+ tem melhorado no decorrer do tempo, o psiquiatra comenta que, a partir da divulgação de conhecimento, é possível implementar melhorias no atendimento.
Destacando que a luta pelos direitos não é fácil, Rahe narra que até há pouco as identidades de gênero eram vistas como patológicas. “A partir do momento em que pessoas transgênero e de gênero diverso passaram a ter sua identidade garantida, respeitada e vista como algo não patológico, isso começou a ter mais visibilidade na sociedade”.
Formado pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Bernardo ainda detalha que dentro da sua própria graduação viu muito pouco sobre o atendimento a este público. Ainda assim, por ser um homem cis gay, sempre teve curiosidade em relação ao tema.
“Vi a necessidade de me aprofundar no tema porque temos muita carência de informação sobre isso na realidade brasileira. São poucas as referências científicas que temos por aqui”, Bernardo diz.
![Certificação veio da Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero. (Foto: Arquivo pessoal)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2022/09/09/zk2kd046s7om.jpeg)
E, justamente por ser parte da comunidade, ele explica que ter médicos e profissionais da saúde que realmente entendam as especificidades da população LGBTQIAP+ é algo básico.
“Me aproximei por fazer parte da comunidade, por entender a necessidade da gente ser atendido e acompanhado por profissionais que entendam nossa realidade. É muito diferente ser atendido por profissional da saúde que não entende nada do que é ser LGBT e ser atendido por alguém que entende da sua realidade, das suas vivências, do seu vocabulário, dos sofrimentos e angústias que você tem no dia a dia”, ele completa.
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