Linda, Rebeca não tem medo de exibir celulite e estrias nem na capa do jornal
Aos 25 anos, Rebeca decidiu tirar a roupa e mostrar que toda mulher tem beleza, sensualidade e atitude, independente do tamanho do corpo. Sem retoques, ela tão pouco se importa em aparecer com suas marcas na capa do Campo Grande News. É uma mulher sem edição: mãe, com muitas curvas, estrias e celulite.
O desejo de ficar à vontade e fazer um ensaio fotográfico era antigo. A hora certa chegou e Rebeca, fã de rock, escolheu um bar temático para posar. “Eu sempre quis fazer um ensaio assim, espontâneo e eu queria que fosse algo mais natural. Gostei muito da composição”, conta.
O processo de aceitação do próprio corpo veio com a dificuldades de toda mulher fora dos padrões comerciais, até o dia que jogou tudo para o alto e decidiu ser feliz com a beleza que ela sempre teve, mas pouco enxergava.
“Eu demorei muito tempo para aceitar o meu corpo do jeito que ele é. Desde a adolescência eu via todo muito magrinho, nas revistas e nas novelas. Na época dos anos 2000, a maioria das meninas era bastante magra”, lembra.
Tamanha era a pressão, que Rebeca desenvolveu a Anorexia. Durante 2 anos, sofreu sem perceber o problema. “A adolescência é um momento cheio de inseguranças. Eu tinha amigas modelos e elas eram altas e magras, um contraste com o meu corpo. Sou baixinha, meu quadril é largo, a coxa é grossa e minha bunda é grande”, avalia.
E por mais magra que fosse, nada a convencia. “Eu não tinha outros problemas de saúde. Mas me olhava no espelho e me sentia gorda. Eu não comia e aos domingos tinha que comer, pois era almoço de família e não tinha como esconder que eu não estava me alimentando. Cheguei a pesar 49 quilos”, diz.
Aos 19 anos, ela ficou grávida e, por incrível que pareça, a gestação abriu as portas para o amor próprio. “Depois que eu tive meu filho, foi que eu coloquei a cabeça no lugar e percebi que não adiantava eu ficar brigando com meu corpo, porque eu sabia que não seria feliz".
Ao encontrar as fotos da adolescência, viu que a magreza exagerada não era o que ela enxergava no espelho. Foi aí que decidiu ser feliz com o próprio corpo e retratar as marcas que fazem parte da sua história física e emocional.
O tempo passou e a prova de que a relação com o corpo são as fotos do Projeto Blackout, criado pelo fotógrafo Hector Diego para mostrar as mulheres como elas realmente são, longe dos conceitos e padrões estéticos.
“Quando fiz as fotos, Hector me perguntou se eu queria alguma edição e eu afirmei que não. Pois queria nas fotos as minhas estrias e celulites, são as minhas marcas, são a minha história” esclarece.
E sobre tirar a roupa sem nenhum pudor, ela diz que quer é ser feliz, independente das curvas. “Eu acho que toda mulher deveria fazer isso uma vez na vida. Depois que eu recebi as fotos, eu me senti incrível. Mostrou que eu não sou mais uma menina, eu sou uma mulher.
O Projeto Blackout é mais um a retratar a beleza de mulheres, sem tabus. “A ideia é romper os padrões e estou focado em mostrar que toda mulher tem o seu brilho. Sem quis diferenciar o trabalho e estou muito contente com o resultado que estamos alcançando”, explica Hector.
Hector trabalha como fotógrafo há 5 anos. “Tudo começou como hobby e hoje encontrei uma área para me destacar. E o projeto veio valorizar o corpo feminino”.
Para Rebeca o projeto também a oportunidade de desconstruir a beleza fabricada. “A gente pega uma capa de revista e nem as próprias modelos se reconhecem. Vira uma coisa que todo mundo quer alcançar, mas ninguém tem a consciência de que não é real. É preciso projetos para mostrar a beleza real e não a beleza fabricada, em que uma mulher passa o dia todo na academia. Ninguém faz isso, as mulheres trabalham, estudam, se divertem e levam uma vida além do que só manter a beleza”, finaliza.
O trabalho de Hector pode ser conferido no Facebook.
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