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Na “divisa” do Tiradentes, Itatiaia e Jardim Vitória, a feira de uma barraca só

Elverson Cardozo | 23/04/2013 07:01
Cliente na feira de uma barraca. (Foto: Elverson Cardozo)
Cliente na feira de uma barraca. (Foto: Elverson Cardozo)

Quinta, sexta e sábado é dia de feira na “divisa” dos bairros Itatiaia, Tiradentes e Jardim Vitória, em Campo Grande. A preparação para as vendas começa cedo, com sol alto, por volta das 15h30. O encerramento sempre acontece depois das 21h. Tudo dentro dos “conformes”, como em qualquer outra parte da cidade, mas há uma diferença curiosa: a feira da rua Teixeira da Silva só tem uma barraca.

Quem comanda o espaço é a feirante Maria Benedita dos Santos, de 54 anos, que se apresenta apenas como Benedita. A mulher mora no Rouxinóis, mas está na “área”, próximo à Lagoa Itatiaia, há 6 anos aproximadamente.

Foi a única comerciante que aceitou continuar ali depois que o presidente do bairro resolveu trocar a feira de lugar para uma “rua morta”, na lateral. A maioria ficou descontente e preferiu ir embora. Benedita resolveu arriscar.

Já se passaram aproximadamente 3 anos e ela continua como a única feirante da região, que já teve cerca de 30 barracas e a rua fechada aos finais de semana.

Benedita vê a clientela aumentar dia a dia. (Foto: Elverson Cardozo)
Benedita vê a clientela aumentar dia a dia. (Foto: Elverson Cardozo)

Embora a mudança tenha diminuído o movimento drasticamente, ela garante que o rendimento não caiu porque já tinha uma clientela fixa e, além disso, tem “referências” de outras feiras que faz parte no bairro onde mora, o Rouxinóis, no Colibri e na Vila Julieta.

“Meus fregueses que pediram para eu ficar, vir mais vezes. Eles gostam dos meus salgados”, disse.
Na barraca de Benedita o cliente encontra pastéis de carne, queijo e pizza (R$ 2,00), quibe (R$ 2,50) e coxinhas de mandioca, de carne e frango com queijo (R$ 2,50), o carro chefe.

A reportagem do Lado B experimentou a “especialidade da casa”, a coxinha de frango com queijo, que se destaca pelo recheio peculiar e a massa, seca e crocante. À disposição dos fregueses, molhos de pimentas diversos: tradicional, verde, com gergelim, alho e pequi.

Coxinha de frango com queijo é o carro chefe da banca. Custa R$ 2,50. (Foto: Elverson Cardozo)
Coxinha de frango com queijo é o carro chefe da banca. Custa R$ 2,50. (Foto: Elverson Cardozo)

Morador do Itamaracá, bairro próximo dali, Ney Limoel, de 46 anos, resolveu parar e experimentar os quitutes pela primeira vez. Aprovou a receita do quibe. “Eu compro por aí, mas é difícil encontrar assim, tão caprichado, bem feito”, disse.

O início - A dona da banca, lisonjeada, conta que a vida de feirante começou quando a situação “apertou”. Funcionária pública, dona Maria viu nas ruas a oportunidade de complementar a renda. Começou como ambulante, vendendo salgados em shows, exposições e eventos realizados em Campo Grande. Cerca de 1 anos depois, resolveu montar uma barraquinha na feira do Rouxinóis.

A partir daí, achou um jeito de continuar lucrando em outros bairros. Agora, mais "tranquila", Benedita assiste à clientela aumentar dia a dia. O segredo do sucesso, contam os amigos e conhecidos, vem da persistência e educação.

Maria Benedita e a filha Julieta. (Foto: Elverson Cardozo)
Maria Benedita e a filha Julieta. (Foto: Elverson Cardozo)

“Ela sabe atender bem os clientes dela. É bem atenciosa”, opinou Carlos Alberto Costa, vendedor de churros que conhece a feirante da época das festas pela cidade.

Benedita trabalha com a filha, a assistente social Janaina Faria Ramos, de 26 anos, que se formou recentemente. A jovem, que pretende estudar para passar em um concurso público, diz que a mãe ainda precisa de ajuda na feira e por enquanto se dedica a isso.

A renda da família, afirmou, vem das ruas. Em casa, só ela, a mãe e o pai, que mantém o ofício, mesmo longe da barraca. Os outros dois filhos do casal, uma mulher de 33 anos e um rapaz de 28, são casados.

Na divisa dos bairros Itatiaia, Tiradentes e Jardim Vitória, Janaina e Benedita não param. A “menina” atende aos clientes enquanto a mãe frita os salgados na hora. A cada dia trabalhado são feitos cerca de 50 unidades.

Morador da região, Papai Noel", como é conhecido, não dispensa os salgados da feirante. (Foto: Elverson Cardozo)
Morador da região, Papai Noel", como é conhecido, não dispensa os salgados da feirante. (Foto: Elverson Cardozo)

Quem vê de fora, elogia a persistência das duas. Moradora da rua Teixeira da Silva, Francisca Amélia de Jesus, de 55 anos, é quem cede a energia para a feirante, que paga uma pequena taxa por mês.

Cliente de longa data, ela faz propaganda e diz que dona Benedita e a barraca de salgados garantem a movimentação da região aos finais de semana. “A rua fica mais alegre. De primeiro a gente tinha que ficar tomando mate, fazendo hora”, afirmou. Dona Maria, com o sorriso de orelha a orelha, agradece e diz que, pelos clientes, faria feira todos os dias.

Feira de uma barraca fica na rua Teixeira da Silva, na divisa do Tiradentes, Itatiaia e Jardim Vitória. (Foto: Elverson Cardozo)
Feira de uma barraca fica na rua Teixeira da Silva, na divisa do Tiradentes, Itatiaia e Jardim Vitória. (Foto: Elverson Cardozo)

Para quem pretende visitar a feira de uma barraca só, o Lado B repete o endereço: fica na rua Teixeira da Silva, em frente ao mercado e restaurante “Vitória”, na “divisa” dos bairros Tiradentes, Jardim Vitória e Itatiaia.

Benedita e a filha Julieta aceitam encomendas de salgados pelo telefone (67) 9134-1134.

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