No tacho das Furnas de Dionísio, a comida que sai do fogo é frango com gueroba
Onde se cozinha rindo, a culinária que passa de geração em geração é o prato servido em dia de festa. Nas Furnas de Dionísio, comunidade quilombola em Jaraguari, o cheiro que sai do tacho é de frango com gueroba e arroz.
Para as 94 famílias que moram na região e mais os visitantes que viessem, comida havia de sobra. Foram feitos 15 quilos de arroz e caixas e mais caixas de frango. O gueroba, um tipo de palmito, era colhido ali mesmo.
Na condução da cozinha estava Catarina Aparecida Pereira, de 45 anos, moradora de Furnas há duas décadas. “Cada um faz de um jeito, mas não tem segredo não”, dizia.
Pronto, o prato se resume a arroz, frango e gueroba tudo junto, mas ainda na fase de cozinha, cada um é feito em separado.
Enquanto se faz o arroz numa panela, na outra cozinha o frango até dourar. O tempero para a carne é alho, sal e vinagre ou limão. Até aí não tem muito mistério. “Esperar dourar. Quando tiver bem dourado, tira do fogo e faz o molho”, ensina Catarina. Para o molho é preciso apenas cheiro verde e massa de tomate.
O gueroba também é feito separado. Cozido apenas no alho e sal, Catarina diz que basta observar para saber o ponto certo. “A hora que tiver bem molinha, tira e pronto. É só misturar”.
Frango e gueroba no ponto é hora de levar ao fogo na panela de arroz e misturar bem. O cheiro que sai do tacho é quase que indescritível e de abrir qualquer paladar.
Na terra onde o povo tem o sorriso aberto, comida na mesa é união e garantia de risadas e histórias. Perguntamos à Catarina se o prato em casa fica tão bom quanto nas Furnas, ela só respondeu: só seguir a receita que fica igual ué”.
Caso contrário, só esperar a próxima Festa da Rapadura na comunidade, que neste ano foi realizada nesse último sábado.