ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 22º

Sabor

Parque das Nações ganha pomar de guavira, para sabor não desaparecer

Crianças que nunca experimentaram a fruta vão poder colher em 3 anos, assim como quem andar pelo Parque

Ângela Kempfer e Gabrielle Tavares | 20/12/2022 17:45
Gabriel ajuda a plantar guavira em área perto da pista de caminhada, que ganhou 50 mudas. (Foto: Paulo Francis)
Gabriel ajuda a plantar guavira em área perto da pista de caminhada, que ganhou 50 mudas. (Foto: Paulo Francis)

Daqui a 3 anos, quem andar pelo Parque das Nações Indígenas vai comer guavira de graça. São 50 pés plantados nesta terça-feira (20), perto da pista de caminhada, e mais 20 ao redor do lago, para reforçar a mata ciliar.

Campo Grande ganha oficialmente o primeiro pomar urbano da cidade, que já tem seus pés de jaca na Afonso Pena, limoeiros espalhados pelas calçadas e muita, muita mangueira.

Desta vez, o foco é pelo futuro da guavira, para fazer a criançada experimentar um sabor bem sul-mato-grossense, mas que pode virar raridade, por conta das grandes plantações de soja e pastos abertos pelo Estado.

Antes, bastava andar de bicicleta por aí e encontrar a fruta típica do Cerrado, oficialmente considerada um dos símbolos sul-mato-grossense pela Assembleia Legislativa em 2017. Agora, é um desafio achar algo preservado, principalmente, em aldeias indígenas.

Grupo completo, envolvido no trabalho na tarde desta terça. (Foto: Paulo Francis)
Grupo completo, envolvido no trabalho na tarde desta terça. (Foto: Paulo Francis)

Mas a startup BR Garden, empresa criada na Universidade Católica Dom Bosco, resolveu virar o jogo. Reuniu crianças dos projetos IDE (Instituto de Desenvolvimento Evangélico) e Florestinha para fuçar na terra hoje e plantar, com apoio da Secic (Secretaria Estadual de Cidadania e Cultura) e Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).

“A maioria não sabe nem que gosto tem. Na minha infância, as pessoas iam muito pra mata catar guavira. Hoje essas áreas reduziram, então a ideia é resgatar essa tradição pra presentear essa geração que não sabe o que é uma guavira, ensinar eles a plantarem e colherem essa guavira”, reforça a bióloga Ariadne Barbosa Gonçalves, uma das criadoras da startup BR Garden, que faz parte da Agência de Inovação e Empreendedorismo (S-Inova) da UCDB.

Henrique disse que ama guavira e está ansioso para comer frutas do pomar. (Foto: Paulo Francis)
Henrique disse que ama guavira e está ansioso para comer frutas do pomar. (Foto: Paulo Francis)

O pomar do Parque das Nações Indígenas fica perto da entrada Antônio Maria Coelho. E as vantagens vão além da preservação do sabor, pode até ajudar nos negócios.

“A guavira é riquíssima em vitamina C e o sabor é único, doce e refrescante, com grande potencial de comercialização”, explica a agrônoma bióloga Ana Ajala, também integrante do projeto.

O plano da equipe era plantar no último fim de semana, mas com a chuva forte, o trabalho ficou para esta terça. Que bom, a terra estava mais fofa e fácil de plantar, justamente na época da fruta, que vai de novembro a dezembro.

Ao escolher o lugar que ganharia as árvores, um dos problemas foi enfrentar a quantidade de capivaras que vivem por ali e poderiam acabar com as mudas. Mas os responsáveis apostam que tudo vai dar certo.

“As capivaras foram desafio na prática. Mas a gente não desistiu de fazer dois símbolos do Estado conviverem juntos”, comenta Ariadne.

Para proteção das mudas contra capivaras, cada muda foi cercada. (Foto: Paulo Francis)
Para proteção das mudas contra capivaras, cada muda foi cercada. (Foto: Paulo Francis)

Depois de plantar as mudas, cada uma ganhou cerca de proteção e um palitinho de picolé com o nome da criança que plantou.

Com o tempo e o crescimento da árvore, o pequeno pedaço de madeira desaparecerá, mas a localização não deve sumir da cabeça de Gabriel dos Santos Taveira, 10 anos, que já “assinou” um dos pés da fruta. “Nunca comi, nem sei que gosto que tem”, diz o menino que só vai poder fazer a primeira colheita do pomar na adolescência, aos 13 anos.

Luiz Antônio Garcia Martins, 12 anos, faz parte do projeto Florestinha, da Polícia Militar Ambiental. Apreendeu muito sobre o meio ambiente e agora é praticamente um professor, que gosta de difundir a importância das matas ciliares, que evitam assoreamentos. “Todas as árvores são importantes, elas seguram a terra pra que não haja erosão na beira do rio, e também ajudam os animais” .

Mas sobre o sabor da guavira... “Já comi na chácara dos meus pais, mas não gosto”. Ao lado, o amigo Kaio Henrique, de 12, discorda na hora. “Nossa, eu adoro. Comi em Bonito”.

Crianças foram chamadas para "plantar" o próprio futuro. (Foto: Paulo Francis)
Crianças foram chamadas para "plantar" o próprio futuro. (Foto: Paulo Francis)


Nos siga no Google Notícias