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Sabor

Próxima à terra do ET Bilu, família serve risole que atrai famosos

Em Corguinho, família transformou lanchonete em parada obrigatória para quem viaja ou adora bate e volta

Thailla Torres | 19/03/2022 07:20
Aparecido e Fernanda, os dois administram o negócio da família que começou há 30 anos. (Foto: Marlova Mioto)
Aparecido e Fernanda, os dois administram o negócio da família que começou há 30 anos. (Foto: Marlova Mioto)

Do lucro resultante da venda de risoles, o que mais orgulha a comerciante Fernanda Aparecida Custódio, de 42 anos, é o carinho dos clientes pela história de sua família desde que chegou ali. “A cada mordida tem uma memória querida. Isso é impagável”, afirmou Fernanda que, desde 1981, viu o salgado frito feito pela mãe virar parte da história de Corguinho, a 99 quilômetros de Campo Grande.

Recentemente, leitores questionaram o Lado B porque até hoje não havíamos contado a história ou o segredo do risole que virou maior sucesso em Corguinho, município famoso também como “terra do ET Bilu” por abrigar a curiosa comunidade Zigurats, que também já foi pauta no Campo Grande News.

Salgado é bem recheado e, apesar de frito, tem massa sequinha.
Salgado é bem recheado e, apesar de frito, tem massa sequinha.

Em busca de conhecer o salgado, nos deparamos com pessoas que já conheciam a receita. Por fora, a massa cozida, que depois é frita, se destaca pelo recheio generoso. O preço também agrada maioria, custa R$ 6,00.

O lugar é simples, não tem nada de luxo. Mas o cheirinho do salgado sentido a metros da porta parece valer mais do que qualquer outra propaganda. Após cada mordida, o cliente vai colecionando motivos para retornar ao local ou furar a dieta em pleno meio da semana.

Quem mora em Campo Grande, frequentemente aposta em viagem “bate e volta” só para experimentar o salgado. É o que o afirma Fernanda enquanto mostra fotos de motoclubes que saem da Capital para fazer café da manhã ou lanchinho na lanchonete que nunca fecha as portas.

Fernanda atribui a força para levantar e abrir a casa todos os dias ao pai. “Meu pai sempre teve esse ritmo, fazia questão de produzir os salgados diariamente e não aceitava que as pessoas dessem com a cara na porta.”

Grupos de motociclistas vão quase todo fim de semana garantir café da manhã e lanchinho com risole.
Grupos de motociclistas vão quase todo fim de semana garantir café da manhã e lanchinho com risole.

Por isso, ela nunca fecha e diz que não se cansa. “Meu maior orgulho é ver as pessoas chegando aqui, lembrando-se da história dos meus pais e falando do sabor do salgado que não mudou”, diz.

A fama nos últimos anos tem atraído até os famosos. Segundo Fernanda, Almir Sater, João Bosco e Vinicius e Fernando da dupla com Sorocaba já saborearam o salgado. “Isso nos deixa muito feliz”.

Hoje, Fernanda administra a lanchonete com o marido, o Aparecido Vicente da Silva. Mas a história do salgado começou lá na década de 80, quando seus pais Flávio dos Santos e Maria José da Silva Santos se mudaram para Corguinho.

Familiares do casal já conheciam o município marcado por um clima pacato. Foi então que os dois decidiram apostar tudo na mudança. Flávio foi trabalhar como servente de pedreiro, enquanto Maria José, naquela época, começou a revirar o livrinho de receitas para buscar um prato que pudesse ajudar na renda da família.

Recentemente, última visita ilustre foi do cantor João Bosco. (Foto: Arquivo Pessoal)
Recentemente, última visita ilustre foi do cantor João Bosco. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi então que ela começou a fazer o risole e vender pela cidade. De início, a receita foi batizada por Maria como “pastel cozido”. “Minha mãe vendia na porta de escola, na casa das pessoas e sempre procurava barraquinha quando tinha algum evento, até o dia que soube que seu salgado era igual a um que já existia chamado risole, e assim, ela mudou o nome”.

Com isso, a Lanchonete Primavera (nome atual) foi e continua sendo chamada como "Lanchonete do Seu Flávio" por muitos, que não só admiram a receita como também a garra do casal, que fez do salgado, a chance de transformar a vida da família.

Com o tempo, o salgado caiu na boca do povo e fez a fama da família. “Isso me orgulha muito, enquanto eu viver, quero manter a originalidade da receita e continuar servindo como meu pai sempre nos ensinou.”

Flávio e Maria José estão aposentados e não trabalham mais na lanchonete por conta dos tratamentos de saúde.

Quem quiser aproveitar o salgado, o risole frito é produzido todos os dias e vendido das 5h às 20h, na Lanchonete Primavera, na Rua Marechal Deodoro, 141, em Corguinho.

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