'Tá faltando baiana': sonho de Carnaval é que acarajé não seja raridade
Na entrada da Esplanada Ferroviária, Zezé é a única vendendo a iguaria mesmo após movimentação nacional
Desde 2024, Zezé do Acarajé começou a integrar um movimento para tentar tirar as mulheres que trabalham com o bolinho tradicional das margens. Apesar do destaque em estar nos maiores blocos de rua em Campo Grande logo na entrada da Esplanada Ferroviária, ela faz questão de dizer: "Faltam baianas de Acarajé!".
Enquanto os lanches, espetinhos e venda de cachorro-quente possuem ao menos dois espaços de venda, o acarajé só tem um. Zezé não nega a importância da presença, mas aproveita para dizer que o cenário precisa melhorar.
Em um levantamento feito pelo Iphan/MS (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), cerca de 20 mulheres de apresentaram como profissionais do ramo. O problema é que, para conseguir ampliar os espaços destinados a essas mulheres, é necessário um longo processo de capacitação.
Então, quando Zezé destaca que faltam baianas, o caminho apontado é tanto para a criação de espaços que valorizem o patrimônio cultural quanto a promoção de ações que capacitem essas profissionais.
Para contextualizar melhor, Baianas de Acarajé que vivem por aqui tem articulado ações para fortalecer o reconhecimento do ofício desde o ano passado. Essa mobilização começou após um edital selecionar representantes de diferentes segmentos gastronômicos, mas não incluir nenhuma baiana do acarajé.
Nesse caso, quem relatou a situação foi justamente Zezé. A iniciativa, desde então, tem recebido apoio da Abam (Associação Nacional das Baianas de Acarajé) e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Considerando o cenário, a intenção principal, conforme relatado pelos envolvidos, é evitar a marginalização da atividade e ampliar a participação de novas baianas no movimento. Na prática, o que já tem se desenvolvido é a atenção para desenvolver o plano de salvaguarda da profissão (que precisa ser elaborado inicialmente na Bahia.
Tendo apoio da Abam, Zezé tem se dedicado, inclusive, a esse processo de capacitação. Uma das alegrias é ter se conectado com a comunidade Tia Eva e ter uma das mulheres quilombolas aprendendo o ofício.
"Na festa de maio, que acontece no Tia Eva, queremos colocar uma banca de acarajé. Então estou ensinando, repassando o que sei para termos o acarajé por lá. No futuro, com o corredor gastronômico, essa também é uma ideia".
Enquanto isso, o esforço de Zezé é levar o acarajé para a maior quantidade de espaços por conta própria. Vivendo exclusivamente do bolinho, ela explica que ser baiana não é para qualquer pessoa e requer um entendimento tanto da produção quanto do modo de se comportar.
Mas, mesmo com o cenário complicado de certa forma, ela garante que o caminho continua sendo trilhado. A novidade é que, neste ano, um novo seminário da Abam deve ser realizado na Capital para impulsionar o movimento e trazer mais baianas para os espaços.
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