Vizinhos se apaixonam e agora vendem lanche gauchesco original
Gaúcho e venezuelana alugaram ponto comercial um ao lado do outro, começaram a namorar e uniram as lanchonetes
Para quem nasceu no Rio Grande do Sul, experimentar o lanche da "Gaucheria" traz a infância à memória, assim como canções do tipo: "Ouve o canto gauchesco e brasileiro,
desta terra que eu amei desde guri...". Sério, do pão à carne picadinha, é o "Xis" tradicional, como se diz no "idioma" rio-grandense.
A diferença começa pelo pão "cervejinha", bem mais leve, sem comparação com o de hambúrguer convencional. São 16 sabores, de R$ 15 a R$ 60, todos acompanhados por fritas.
"É um lanche mais molhadinho, com pão que um fornecedor gaúcho faz pra gente. Graças a Deus, quando o povo volta, a gente tem a certeza que acertou na receita", conta o proprietário, Tales Amaro Maciel Ribeiro, de 28 anos.
De Pelotas, ele entrou para o Exército e foi transferido para Corumbá, enfrentando 4 anos no isolamento de Forte Coimbra, no meio do Pantanal. Depois, veio para Campo Grande, deixou o quartel, se divorciou e resolveu investir no sanduíche que não encontrava por aqui.
Por enquanto, a equipe é bem pequena, de apenas 5 pessoas. Claro que o cardápio foi batizado na língua gauchesca. O "Bem Capaz" é feito com picanha. O Talagaço é como tomar um grande gole, com filé mignon ao vinho. Se pedir o Trovador, vai experimentar um lanche com coração de galinha e por aí vai.
O mais caro é o Peleia, uma briga boa para 4 pessoas com fome. Em uma embalagem de pizza, o cliente recebe um superlanche de alcatra, cercado por ovos de codorna, queijos em cubos, presunto, pepinos, calabresa e batatas com cheddar e bacon.
A história da Gaucheria começou em fevereiro, quando Tales alugou um ponto na Rua Brilhante. Ao lado, a venezuelana Endriana Micheli também montava uma casa de açaí. Um foi trocando ideia com o outro, se aproximaram, começaram a namorar há 7 meses e uniram os endereços. Hoje, vendem sanduíches e açaí no mesmo lugar.
"A gente foi se entendendo melhor, porque lá no Rio Grande do Sul, temos muitos contatos com uruguaios", explica Tales.
Com sotaque espanhol, a lanchonete também tem o Pancho, um cachorro-quente uruguaio, de 20 cm, feito com linguiça mista, maionese da casa, muçarela e bacon. O mais barato da casa.
Para beber, na entrada, cachaças artesanais são cortesia.
Além de refrigerantes e cervejas tradicionais à venda, um sucesso em vendas é a cerveja Polar, produzida no Rio Grande do Sul, mas que depende de uma ajudinha familiar para desembarcar em Campo Grande.
"Seria muito caro eu comprar e pedir para uma transportadora trazer. Então, espero meu tio caminhoneiro vir para cá e aí reponho o estoque que sai na hora", diz Tales.
Para quem ficou curioso, a Gaucheria abre de terça a domingo, na Rua Brilhante, 3470, a partir das 18h30, além do delivery.