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Lado Rural

Em 5 anos, programa recupera 16,8 mil hectares de pastagens degradadas em MS

Projeto teve apoio do banco Mundial, mas custos de recuperação foram arcados pelos produtores

Por José Roberto dos Santos | 02/08/2024 15:17
Gado pasteja em área de pastagem antes degradada e agora recuperada. (Foto: Divulgação/CNA)
Gado pasteja em área de pastagem antes degradada e agora recuperada. (Foto: Divulgação/CNA)

Em execução há cinco anos, o projeto FIP Paisagens Rurais incentiva a recuperação ambiental e produtiva em sete estados do bioma Cerrado. Além da assistência técnica, os produtores atendidos adotaram tecnologias de baixa emissão de carbono durante a realização do projeto, que começou em 2020. Em Mato Grosso do Sul, desde a implantação, foram recuperadas 16.800 hectares. O alvo em MS foi trabalhar em áreas degradadas e exploradas pela pecuária de corte.

O projeto Fip Paisagens Rurais atendeu até o momento 6.459 mil produtores de 66 municípios nos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. Desses, 1.130 ainda estão em atendimento, segundo a CNA (Confederação da Agricultura do Brasil).

O projeto – encerrado em junho deste ano – foi coordenado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e pecuária) com recurso do Banco Mundial, com o objetivo incentivar a adoção de práticas de manejo, conservação e recuperação ambiental produtiva, disseminando o uso de práticas de agricultura de baixo carbono (ABC), incluindo a integração lavoura-pecuária, recuperação de pastagens degradadas e promovendo o planejamento do uso da terra, conciliando produção agrícola com conservação da biodiversidade.

Rebanho a pasto em sistema de integração lavoura-pecuária no MT. (Foto: Divulgação/Embrapa)
Rebanho a pasto em sistema de integração lavoura-pecuária no MT. (Foto: Divulgação/Embrapa)

Segundo o coordenador ATeG Bovinocultura de Corte, Fabiano Pessatti, do Senar-MS, o serviço de aprendizagem entrou no projeto como executor no atendimento às propriedades rurais utilizando a metodologia da ATeG (Assistência Técnica e Gerencial).

Em nota publicada pela CNA, a coordenadora do projeto, Bárbara Silva, acrescenta que alguns resultados da assistência técnica se destacaram nas propriedades atendidas. Entre eles, manejo dos animais e das pastagens a partir da divisão de piquetes, correção e adubação do solo, uso de adubação de cobertura para manutenção da fertilidade, levantamento de terraços e construção de barraginhas (para controle de erosão e captação de água da chuva).

Em Mato Grosso do Sul o trabalho foi executado em 303 propriedades nos municípios de Campo Grande, Rochedo, Corguinho, Rio Negro, Bandeirantes, Jaraguari, Terenos, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e Bataguassu. Porém as propriedades se concentravam em Rio Negro, Ribas, Santa Rita e Bataguassu.

Pessati explica que os custos dessa recuperação foram muito variáveis e quem bancava era o próprio produtor. Não teve linhas de crédito para este projeto.

País sofre com degradação

Estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), publicado em fevereiro deste ano na revista internacional Land, indica a existência de aproximadamente 28 milhões de hectares de pastagens plantadas no Brasil com níveis de degradação intermediário e severo que apresentam potencial para a implantação de culturas agrícolas. Mato Grosso do Sul responde com 15,4% do volume de terras degradadas no País, ou seja, com 4,3 milhões de hectares.

Para se ter uma dimensão do problema e da perda de potencial produtivo nessas áreas, na última safra de soja (ciclo 2023-24), Mato Grosso do Sul cultivou 4,265 milhões de hectares com a oleaginosa.

Foram mapeados aproximadamente 10,5 milhões de hectares de pastagens com condição severa de degradação e 17,5 milhões de hectares com condição intermediária que apresentam potencial bom ou muito bom para a conversão para agricultura. Entre os estados que apresentaram as maiores áreas, dentro destes parâmetros, estão o Mato Grosso (5,1 milhões de hectares), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

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