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Lado Rural

Em MS, 82,5% dos bovinos abatidos têm até 36 meses de idade

Animais com mais de 36 meses representavam 59% dos abates em 2007; em 2023 a participação caiu para 18%

Por José Roberto dos Santos | 16/08/2024 12:20
Bovinos classificados como precoces, criados a pasto em propriedade de  MS. (Foto: Divulgação)
Bovinos classificados como precoces, criados a pasto em propriedade de  MS. (Foto: Divulgação)

Números que acabam de ser divulgados pelo Boletim Casa Rural da Famasul (Federação da Agricultura e pecuária de Mato Grosso do Sul) mostram que no Estado é cada vez maior o abate de bovinos precoces. Análise técnica feita pela entidade afirmas que as demandas internas e as exigências internacionais direcionam o tipo de animal produzido nas propriedades. Cerca de 82,5% dos animais machos abatidos no Estado possuem até 36 meses e a participação dos animais mais novos no abate aumentou durante o período estudado.

Atualmente as industrias buscam por animais cada vez mais jovens, pesados e com boa deposição de gordura na carcaça. Além disso, questões ligadas ao meio ambiente como uso adequado de recursos hídricos, prevenção de desmatamento ilegal, mitigação da emissão de gases de efeito estufa e aspectos sociais do sistema de produção estão impactando cada vez mais na decisão dos consumidores na compra de carne bovina.

Em 2007, mostra o boletim, 4% dos animais abatidos tinham entre 13 e 24 meses, essa participação subiu para 38% em 2023. Os animais com mais de 36 meses representavam 59% dos abates em 2007, em 2023 a participação caiu para 18%.

O Estado tem, desde 1998, um programa de incentivo fiscal para a pecuária, conhecido como programa “Precoce MS” que visa “incentivar a eficiência e a eficácia do produtor rural, premiando-o com incentivo financeiro a qualidade do produto obtido (animal) e o nível do processo produtivo”. Acredita-se que o desenvolvimento do programa tenha auxiliado na diminuição da idade ao abate dos animais machos no estado de Mato Grosso do Sul, uma vez que o incentivo financeiro é dado, entre outros fatores, a animais jovens com até 4 dentes permanentes, sem a queda dos segundos dentes médios.

Bovinos precoces em sala de desossa de frigorífico de MS; indústria demanda cada vez mais por animais jovens e com bom acabamento de carcaça. (Foto: Arquivo/Governo MS)
Bovinos precoces em sala de desossa de frigorífico de MS; indústria demanda cada vez mais por animais jovens e com bom acabamento de carcaça. (Foto: Arquivo/Governo MS)

O abate de machos entre 25 e 36 meses tem baixa oscilação ao longo do ano, indicando que os pecuaristas que trabalham com estes animais utilizam tecnologias para diminuir o impacto do clima sobre o desempenho animal. A diminuição da participação do abate de animais com mais de 36 meses ocorre a partir do início da estação seca, voltando a se elevar na época que a pastagem começa a recuperar vigor. A participação de animais entre 13 e 24 meses no abate de MS aumenta justamente na época da seca, mostra o boletim da Famasul.

Descarte de fêmeas

A categoria de maior participação no abate de fêmeas é a de animais com mais de 36 meses, correspondendo em média a 51% dos abates. Em seguida temos fêmeas entre 25 e 36 meses de idade, com 29% dos abates. Fêmeas entre 13 e 24 meses, correspondem a 20% dos abates. Não existe um efeito “Precoce MS” no abate das fêmeas, apesar do programa ser para ambos os sexos. A maior parte das fêmeas abatidas em Mato Grosso do Sul vai para o frigorífico com idades maiores de 36 meses, o que pode indicar que muitas delas são abatidas após serem descartadas da reprodução.

O abate de fêmeas costuma diminuir no segundo semestre do ano, época marcada pelo período de seca e também pelo início da estação reprodutiva, fatores que contribuem para a menor participação de fêmeas no abate. As fêmeas acima de 36 meses são a maioria dos animais abatidos independente do período do ano.

As fêmeas entre 25 e 36 meses têm sua maior participação nos abates entre junho e julho. As fêmeas entre 13 e 24 meses apresentam dois “picos”, um em maio e outro em outubro.

Apesar da maior parte dos abates de fêmeas no Estado ser de animais com mais de 36 meses, a idade média ao abate vem diminuindo nos últimos dez anos, indicando o aumento da tecnificação na pecuária e a diminuição do ciclo produtivo.

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