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Lado Rural

Leite: preço na "média Brasil" ao produtor sobe 2,4% em abril

Mato Grosso do Sul, que sediou seminário estadual sobre leite, luta para recuperar expressão no mercado

José Roberto dos Santos | 01/06/2023 15:10
Vacas raça girolando criadas a pasto em propriedade rural brasileira. (Foto: Arquivo/Embrapa)
Vacas raça girolando criadas a pasto em propriedade rural brasileira. (Foto: Arquivo/Embrapa)

Pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que o preço do leite cru captado por laticínios em abril e pago em maio chegou a R$ 2,8961/litro na “Média Brasil” líquida, elevações de 2,4% frente ao mês anterior e de 9,3% em relação à de março/23, em termos reais(os valores foram deflacionados pelo IPCA de abril/23). Com isso, o preço do leite cru acumula alta real de 11,8%em 2023.

A valorização do leite cru em abril seguiu ancorada na limitação da oferta no campo, prejudicada pelo avanço da entressafra na maior parte do País. Por isso, a disputa entre laticínios por produtores esteve intensa em abril, contexto que manteve as cotações do leite em alta. No acumulado do ano, a captação nacional registra queda de 6,4%.

Em Mato Grosso do Sul essa semana aconteceu o Seminário Estadual do Leite para debater as crises e as potencialidades do setor. Com capacidade de produção de 1,34 milhões de litros/dia a atividade leiteira em MS sofre com redução de 47% no volume desde 2016, de 338 para 174 milhões de litros/ano. Nesta quinta-feira, 1º, foi comemorado o Dia Internacional do Leite.

No momento o setor sul-mato-grossense vive uma estabilização na produtividade. Atualmente o rebanho leiteiro varia de 150 a 160 mil cabeças. Para mudar a realidade o Estado precisa passar por mudanças estruturais que vão da profissionalização da atividade, investimento em tecnologia, entre outras ações.

Custo de produção

Com o encarecimento da matéria-prima, os laticínios realizaram, em abril, de forma generalizada, o repasse da valorização do leite cru ao preço dos lácteos negociados com os canais de distribuição. A pesquisa do Cepea em parceria com a OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) mostra que as cotações médias do UHT, da muçarela e do leite em pó fracionado subiram no atacado paulista, respectivamente 9,5%, 4,9% e 1,6%. Contudo, o consumo nacional seguiu enfraquecido, e as cotações de maio mostram tendência de queda.

Inversão do viés

Assim, a expectativa dos agentes do setor é de que, em maio, seja registrada uma inversão da tendência no preço do leite pago ao produtor.Além da retração do consumo doméstico, as importações de lácteos seguem bastante elevadas. Em abril, as compras externas caíram significativos 30,3% frente às do mês anterior, mas o volume ainda esteve três vezes maior que o registrado em abril do ano passado.

Agentes do setor também esperam que a produção no campo seja incentivada pela queda nos custos de produção e pela melhora da relação de troca. A pesquisa do Cepea mostra que, em abril, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 1,3% na “Média Brasil”, influenciado pela retração nos preços do concentrado. Com isso, o poder de compra do produtor frente ao milho teve uma melhora de 4% de março para abril.

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