Desde janeiro, preço do leite ficou 14,5% mais caro e pode aumentar ainda mais
Produto é comprado de produtores, em média, por R$ 2,54; Estado também teve aumento ao longo deste ano
Desde o começo do ano, o leite acumula uma alta de 14,5% no preço médio, de acordo com Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP (Universidade de São Paulo). O órgão aponta que há chance de novo aumento, para junho, podendo avançar cerca de 5% na Média Brasil líquida.
Conforme a pesquisa divulgada nesta semana, o valor do produto captado em abril e pago aos produtores em maio deste ano subiu 4,4% frente ao mês anterior, chegando a cerca de R$ 2,54 a média do litro em todo Brasil. Em relação a maio do ano passado, o aumento é de 11,8%, em termos reais.
Segundo a publicação, a valorização do insumo ocorre por conta de redução na oferta. O ICAP-L (Índice de Captação Leiteira) do Cepea caiu 3,7% entre março e abril, acumulando recuos de 8,2% desde o início deste ano e de 4,5% desde abril de 2021.
“Com menor disponibilidade de leite no campo, a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima seguiu intensa, sustentando o movimento de elevação nos preços do leite cru naquele mês.”
Segundo a pesquisa, a menor produção de leite está atrelada ao avanço do período de entressafra da produção, que ocorre sazonalmente entre o outono e o inverno - isto é, quando o clima mais seco prejudica a disponibilidade e a qualidade das pastagens.
Contudo, é preciso lembrar que, neste ano, lidar com a entressafra está mais complicado para o produtor. As alterações climáticas ocorridas pela La Niña no final do ano passado prejudicaram a qualidade da silagem que, neste momento, compõe o manejo nutricional dos animais.”
Por fim, os custos elevados de produção com diversos insumos da atividade vêm pressionando as margens dos pecuaristas desde o ano passado, complicando os investimentos de longo prazo.
No Estado - De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Mato Grosso do Sul teve a 17ª maior quantidade de leite adquirido e industrializado no primeiro trimestre do ano. Foram 31,6 milhões de litros, produzidos em 41 unidades mapeadas pelo órgão.
Os estados que são os maiores produtores de leite, no Brasil, são Minas Gerais (1,5 bilhão), Paraná (816,8 milhões), Rio Grande do Sul, (739,3 milhões), Santa Catarina (689,1 milhões), São Paulo (590,5 milhões) e Goiás (534,4 milhões).
Os dados mais recentes da USP não contemplam o Estado, mas os índices de março indicavam que o preço médio tinha subido cerca de 21%, sendo comercializado a aproximadamente R$ 2,24.
Em todo mundo, com a guerra na Ucrânia, o preço do leite no mercado internacional alcançou os maiores patamares dos últimos 8 anos, segundo dados da Embrapa Gado de Leite.
Diante do cenário desafiador de 2022, a produção brasileira de leite teve queda recorde no primeiro trimestre de 2022, de 10,3% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, segundo o IBGE.
Produção - Os gastos com o concentrado recuaram devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, mas o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue em patamar elevado.
Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Ainda assim, pela primeira vez desde 2019, o COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária leiteira não subiu - houve ligeiro recuo de 0,07% na Média Brasil em maio.
Em relação à demanda, as pesquisas mostram que, até a primeira quinzena de maio, havia tendência de queda nas cotações dos lácteos, devido à procura enfraquecida na ponta final da cadeia. Contudo, a oferta enxuta no campo, a diminuição dos estoques de forma generalizada entre as indústrias e o encarecimento do leite spot, a partir da segunda quinzena de maio, inverteram essa tendência.