Mercado foca na expectativa de reabertura das importações de carne pela China
Cadeia convive hoje com a notícia ainda não confirmada da suspensão pela Rússia, Irã, Indonésia e Egito
A cadeia produtiva da carne bovina aguarda com grande expectativa a notícia de reabertura ou não das exportações de carne para a China. Hoje, o Brasil completa 13 dias da suspensão cautelar determinada pelo Ministério da Agricultura, o mesmo tempo que durou o embargo sanitário, em 2019, quando houve o registro do último caso de mal da vaca louca atípico em rebanho brasileiro.
A aposta é de que o impasse comercial entre Brasil e China não deva durar muito tempo, mas outra grande preocupação chega para tirar o sono do pecuarista brasileiro: apesar de a Arábia Saudita ter retomado suas importações – suspensas também desde o dia 4 de setembro – corre a notícia ainda não confirmada por fontes oficiais de que Irã, Rússia, Indonésia e Egito também teriam vetado a importação de carne bovina brasileira. Se confirmada a informação, esses novos embargos colocam o segmento brasileiro em xeque, uma vez que esses países somados à China responderam por quase 58% das compras de carne bovina do Brasil, em 2020.
As exportações brasileiras de carne bovina correspondem a cerca de 24% do que é produzido pelo País, tendo a China como principal destino, e o fato é que com a indústria fora das compras o valor da arroba já cede à pressão e dá sinais de desgaste. A manutenção dos preços vai depender de quanto fôlego o pecuarista tem para suportar as investidas.
Nem a Abiec (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne) e nem o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento) confirmam, mas também não negam, inclusive a própria Abiec replicou essa informação hoje (dos novos embargos) em seus clippings, de notícias extraídas da Agência Safras e do portal da revista Globo Rural, que foi quem deu o furo.
Exportações seguem intensas
Agentes consultados pelo Cepea acreditam em rápida reversão da suspensão imposta pela China – devido aos dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) registrados no Brasil no início deste mês – fundamentados na baixa oferta mundial da proteína e na consequente dependência do país asiático pela proteína brasileira.
Além disso, pesquisadores do Cepea ressaltam que, geralmente, a China tende a intensificar as compras de carne bovina nos últimos meses do ano, tendo em vista o aquecimento na demanda por carne naquele país nas primeiras semanas do ano, por conta da comemoração do Ano Novo Chinês.
Segundo o Cepea, no geral, apesar da restrição, o volume de proteína bovina exportada pelo Brasil segue firme em setembro. Dados preliminares da Secex apontam que, até o dia 10, o País havia exportado 86,88 mil toneladas de carne bovina in natura. O embarque diário registra média bastante alta, de 12,41 mil toneladas, 80% acima da observada em setembro do ano passado.