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Meio Ambiente

Após reportagens, grupo fiscalizará impacto do minério em Bodoquena

Iniciativa reúne especialistas e ativistas para avaliar impactos ambientais e sociais da mineração na região

Por Lucas Mamédio | 13/02/2025 16:31
Após reportagens, grupo fiscalizará impacto do minério em Bodoquena
Mineradora Horii em Bodoquena praticamente acabou com o verda na região. (Foto: Paulo Francis)

A crescente preocupação com os impactos da mineração na Serra da Bodoquena e em outras regiões do Estado, levou à formação de um grupo multidisciplinar para monitorar e denunciar os danos causados pela atividade mineradora na região. A iniciativa ocorre após a publicação de reportagens do Campo Grande News, que expuseram os efeitos negativos da exploração mineral no ecossistema e nas comunidades locais.

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A formação de um grupo multidisciplinar para monitorar os impactos da mineração na Serra da Bodoquena, em Mato Grosso do Sul, surge após reportagens do Campo Grande News denunciarem os danos ambientais e sociais causados pela atividade mineradora. As matérias destacaram a falta de audiências públicas, desmatamento e danos estruturais em residências devido às explosões. O grupo, composto por ONGs, sindicatos e especialistas, visa documentar os impactos e mobilizar a população para discutir a continuidade da mineração. A preocupação é que, sem controle, a região sofra danos irreversíveis, afetando o ecossistema e a qualidade de vida local.

As matérias recentes denunciaram, entre outras questões, a falta de audiências públicas para discutir as concessões de lavra na Serra da Bodoquena, os danos estruturais causados por explosões em casas de moradores e o desmatamento progressivo da região. Em um dos relatos, moradores do Assentamento Campina afirmaram que suas residências estão rachando devido às detonações frequentes promovidas pela Mineração Horii Agro.

Diante desse cenário, entidades sindicais, ONGs e especialistas em meio ambiente decidiram se unir para fiscalizar de perto as atividades mineradoras no estado. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Mineração, Extração e Carvoaria de Mato Grosso do Sul, Marcos Vinicius Marin, enfatizou a gravidade da situação:

“Sabemos que a mineração no Brasil todo, onde é instalada, gera um impacto muito grande, atingindo as populações ao redor. Primeiro, chegam as máquinas, depois as explosões, os caminhões, o desmatamento. Autorizar a mineração em um ecossistema tão frágil como o Cerrado, na Serra da Bodoquena, é um erro gravíssimo, principalmente sem nenhuma audiência pública ou diálogo com a população”, alertou Marin.

A mobilização conta com o apoio de organizações como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que enviou representantes ao estado para inspecionar as mineradoras e as comunidades afetadas. Entre os envolvidos estão especialistas em direito ambiental, geólogos e ativistas, que pretendem elaborar um relatório detalhado sobre os impactos da mineração na região.

Após reportagens, grupo fiscalizará impacto do minério em Bodoquena
Rachadura na casa de um dos moradores do entorno de uma das mineradoras em Bodoquena (Foto: Paulo Francis)

“Nosso objetivo é produzir um estudo técnico embasado, documentar os impactos ambientais e sociais, e mobilizar a população para que tenha voz nesse debate. Vamos também tentar articular uma audiência pública na cidade para discutir se a mineração deve ou não continuar nesse formato predatório,” acrescentou Marin.

Segundo mapa do Sistema de Informações Geográficas da Mineração (SIGMINE), mantido pela Agência Nacional de Mineração, há solicitação de pesquisa, pesquisas em andamento, pedidos de lavra, bem como explorações sendo executadas em quase toda Serra da Bodoquena.

É impressionante como os polígonos com autorização de pesquisa, em azul, uma das primeiras fases para se iniciar o processo de licenciamento, toma boa tarde de uma região específica de Mato Grosso do Sul, que se colocada ao lado do mapa da Serra da Bodoquena, parece ser o mesmo lugar, não por acaso, é.

Outro ponto dos polígonos que chama atenção é o vermelho, onde já há concessão de lavra. Pelo SIGMINE, é possível perceber que a maioria das áreas concedidas estão na cidade de Bodoquena, a 264 km de Campo Grande.

Além das rachaduras em casas, há registros de nascentes secando e prejuízos à biodiversidade local. A preocupação de ambientalistas é que, sem medidas eficazes de controle, a Serra da Bodoquena possa sofrer danos irreversíveis, comprometendo não apenas a paisagem natural, mas também a qualidade de vida das futuras gerações.

As ações do grupo formado estão apenas no início. Nos próximos meses, serão realizadas visitas técnicas, entrevistas com moradores e estudos sobre os impactos da mineração na região. Os organizadores também pretendem levar a questão ao legislativo estadual e federal, buscando formas de regulamentação mais rigorosas para evitar danos irreversíveis ao meio ambiente e à população local.

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