Área investigada por MPE tem contaminação há 30 anos, diz Solurb
A área de transição escolhida para despejo de resíduos sólidos que vão para o Aterro Sanitário Dom Antônio Barbosa II, em Campo Grande, já tem mais de 30 anos de disposição irregular de materiais, inclusive hospitalares, segundo CG Solurb. Com essa informação, a concessionária responsável pelo lixo da cidade justifica a contaminação do local, que é alvo de investigação movida por denúncia feita por um empresário.
A escolha do lugar, onde os catadores podem selecionar o lixo antes de ser encaminhado ao aterro foi feita quando o então secretário de Infraestrutura, Semy Ferraz, determinou a criação dessa área de transição. Além de contaminação do solo, o MPE (Ministério Público Estadual) investiga possíveis danos ao leito do Rio Anhanduí, o único que passa por Campo Grande.
Para a Solurb, o alto volume de chuvas dos últimos dias fazem com que os resíduos aterrados produzam em maior escala o chorume, um líquido tóxico gerado pela decomposição da matéria orgânica. Segundo a concessionária, o chorume se forma com simples contato da água da chuva com o lixo.
“Logo, não haverá novos impactos ambientais, uma vez que a área já estava impactada […]. Cabe ressaltar, que tal situação somente será resolvida por completo, no momento em que forem concluídas as obras do PRAD (Plano de Remediação de Áreas Degradadas)”, justifica a Solurb.
A concessionária alega que o empresário que moveu a ação, Thiago Verrone de Souza, foi acusado pelo MPE pelo crime de extorsão, por exigir R$ 5 milhões para não mais abrir processos contra a Solurb. “Não menos importante, porém devemos observar, que para ser empresário neste país, basta apenas abrir uma empresa, independentemente do capital social, ramo de atividade e inclusive possuir ou não quaisquer conhecimentos técnicos”, complementa nota emitida pela Solurb.
O empresário, por sua vez, lembra que já apresentou provas que o livram da acusação. Em entrevista ao Campo Grande News, ele explicou que no período da investigação feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), tratava do ressarcimento ao qual tem direito em função de contratos com a Solurb.
“Diante disso foram feitos vários encontros com a finalidade de tratar destes assuntos que envolvem de fato grandes vultos financeiros e foi exatamente neste ponto que a Solurb começou mais uma de suas 'trapalhadas', onde tenta me incriminar por extorsão na tentativa ou na ilusão de diminuir meu direito”, afirma o empresário, ao destacar que extorsão é a obtenção de benefício financeiro indevido. “A existência destes contratos tornam o benefício financeiro pleiteado totalmente devido, e sendo assim, onde se encontra o crime?”, questiona Thiago.
Há pouco mais de uma semana, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) se recusou a fazer perícia na área de transição para investigar a denúncia, conforme solicitou o MPE. Para o órgão, a atribuição de fiscalizar o local é da Prefeitura de Campo Grande, que por sua vez não informou ainda como vem se posicionando frente ao processo que investiga a contaminação.
Processo - Em 2014, após o Gaeco acusar o empresário, o ex-secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha), Semy Ferraz, pediu exoneração do cargo. Ele prestou depoimento ao Gaeco, como testemunha.
Segundo a denúncia do Gaeco, Semy intermediou os diálogos entre o denunciado e a suposta vítima, o superintendente da Solurb, Élcio Terra. Semy negou qualquer irregularidade no caso e alegou que tinha motivos particulares para se afastar da secretaria.
Quanto a investigação, Thiago disse que foi acusado pelo Gaeco sem ter a oportunidade de apresentar provas de sua inocência, por isso abriu processo contra o promotor titular do Gaeco no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e aguarda apuração.
(Matéria editada as 12h30 para acréscimo de informação).