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Capital

Juiz absolve empresário acusado de tentar extorquir R$ 5 milhões de empresa

Michel Faustino | 20/01/2016 15:56
Élcio Terra - superintendente da Solurb (de camisa listrada) durante um dos encontros com Verrone (Foto: MPE)
Élcio Terra - superintendente da Solurb (de camisa listrada) durante um dos encontros com Verrone (Foto: MPE)

O empresário Thiago Verrone foi absolvido da acusação de tentar extorquir a quantia de R$ 5 milhões de diretores da empresa CG Solurb, fato supostamente ocorrido em julho do ano passado. A sentença contrária à denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) foi proferida ontem (19) pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande.

Conforme a denúncia do MPE, o empresário procurou representantes da Solurb para propor um “acordo”. Em troca de R$ 5 milhões, ele desistiria das ações movidas contra a empresa que apontam eventuais irregularidades cometidas no descarte dos resíduos no aterro sanitário e no ”lixão” da Capital. O Gaeco investigou o caso.

A investigação apontou que Thiago se aproximou do superintendente da Solurb, Élcio Terra, por intermédio do do ex-secretário de Infraestrutura, Obras e Habitação, Semy Alves Ferraz, e, a partir desta aproximação, teria começado o processo de extorsão. Na denúncia, não há provas ou indícios contra o ex-secretário de Obras.

Consta que, ciente da investigação, o superintendente da Solurb concordou em agendar diversos encontros com o empresário e se comprometeu a entrar em um acordo sobre o pagamento exigido. Inicialmente, Thiago teria exigido R$ 5 milhões para desistir das ações judiciais, sendo essa quantia reduzida posteriormente para R$ 3,5 milhões, parcelados em 24 meses.

Na sentença, o magistrado cita incoerências quanto aos supostos encontros entre Verrone e Elcio Terra. Além disso, outro ponto considerado é uma suposta “negociação” envolvendo o ex-secretário de Obras, Semy Ferraz.

“As declarações de Élcio, a este respeito, além de contraditórias são confusas, porquanto, no GAECO, nada fala 'sobre ter tomado ciência do valor de R$ 5 milhões' em conversa que manteve com Semy Ferraz (aliás, vale reafirmar, no GAECO nem sequer citou o nome deste antigo secretário de obras de Campo Grande), deixando claro que só soube do valor no segundo encontro que teve com Verrone no dia 18 de junho, sendo que mudou a versão do depoimento anterior”, diz trecho da sentença.

Em sua defesa, Verrone sustentou que no fim de 2011 firmou contrato com a Vega, empresa responsável pelo serviço de coleta de lixo na época, e com a Repram Reciclagem e Preservação, a qual foi passada a ele 50% de participação do contrato.

Segundo ele, em junho do mesmo ano um novo contrato de exclusividade mútua foi firmado entre a Repram e a Financial Contrutora Industrial. A parceria previa a participação no consórcio CG Solurb, com 10% da participação destinada à Repram, que no entanto não foi compactuada.

O empresário alega que, mediante as cobranças e o não repasse dos valores devidos, foi procurado para negociar a sua participação na Repram. No entanto, segundo ele, representantes da Solurb procuraram o Gaeco para denunciar uma suposta extorsão omitindo o fato de existir um contrato firmado entre as partes.

“Eles procuraram o Gaeco sem mostrar que existia um contrato que determinava o repasse de 5% referente a minha participação no contrato com a Repram. Eu sentei com eles para requerer isso. Nunca tive qualquer intenção de extorquir ninguém, pelo contrário, estava acordando aquilo que me é devido”, relatou.

Na sentença, o magistrado ressalta que não ficou comprovado que Verrone tenha agido de forma delituosa, considerando a relação empresarial e descartou a prática de extorsão. Por fim, o juiz Roberto Ferreira Filho julgo improcedente a pretensão estatal deduzida na denúncia para absolver o acusado.

O Campo Grande News tentou contato por telefone com os advogados que representam a Solurb na área criminal, mas até o fechamento da matéria não houve retorno.

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