Camuflados, urutaus não passam despercebidos na região urbana da Capital
Condição rara da espécie permite que ave permaneça imóvel e camuflada em troncos ou estruturas por horas
Conhecido como urutau ou pássaro fantasma, a ave da espécie Nyctibius griseus, vem surpreendendo os moradores da Capital a cada aparição. Com a pelagem marrom e habilidade de permanecer imóvel por longos períodos, o pássaro tem o costume de se camuflar em estrutura de madeiras ou postes de iluminação. Durante a semana, pássaros da espécie foram flagrados na Rua 14 de Julho e no Parque Ecológico do Sóter. Apesar de ser uma ave noturna, os flagrantes ocorreram durante o dia.
O auxiliar de vendas Leonardo de Castro, de 20 anos, flagrou o pássaro logo cedo na Rua 14 de Julho, esquina com a Doutor Anibal de Toledo, quando chegou ao trabalho. Leonardo contou que o urutau permaneceu no mesmo poste por mais de 10 horas, praticamente imóvel. Essa foi a primeira vez que o auxiliar viu o urutau e ele conta, admirado, que a presença do animal surpreendeu todos que passavam por ali. "Todo mundo olhava, tirava foto ou gravava", relatou Leonardo.
O estudante Frederico Machado, de 35 anos, avistou o pássaro parado no poste de madeira do Parque Ecológico do Sóter, localizado na região norte da Capital, e se encantou. A preocupação do estudante é de que essas aparições do pássaro, que é considerado raro, seja devido aos inúmeros desmatamentos que estão ocorrendo na cidade. "Fiquei encantado e ao mesmo tempo com dó, querendo saber o que está havendo com eles", comentou Frederico.
A bióloga Larissa Tinoco, de 32 anos, contou ao Campo Grande News que o pássaro está aparecendo mais frequentemente na Capital devido ao ambiente propício à espécie, que se alimenta de insetos. Segundo a bióloga, a ave possui uma adaptação única, chamada "olho mágico", que são duas fendas na pálpebra superior, e permite o pássaro observar seu entorno mesmo de olhos fechados. A condição propicia que a ave permaneça imóvel por longos períodos.
A aparência do pássaro foi o que chamou a atenção do estudante, que quando viu pela primeira vez pensou que fosse uma escultura talhada em madeira, devido à beleza e "convicção de sua camuflagem". "Se tivéssemos a confiança de um urutau seríamos imbatíveis", pontuou Frederico.
Na segunda-feira (3), o pássaro invadiu a residência da técnica de enfermagem Elisângela Pereira dos Santos, de 44 anos, na Rua Barão do Rio Branco, no Centro de Campo Grande. A técnica relata que se assustou e acionou a PMA (Polícia Militar Ambiental) para fazer o resgate. Devido aos ferimentos que apresentava, a ave foi encaminhada ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).