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Meio Ambiente

Em ano de queimada recorde, Dia do Pantanal é celebrado com esperança

Neste ano, na queimada mais devastadora em 22 anos, o fogo atingiu 29% do bioma, mas o desastre também uniu quem quer ajudar

Lucia Morel | 12/11/2020 07:00
No horizonte, há fogo, mas também trabalho de "formiguinha" por dias melhores. (Foto: Ronaldo Nogales/Ecoa)
No horizonte, há fogo, mas também trabalho de "formiguinha" por dias melhores. (Foto: Ronaldo Nogales/Ecoa)

São 14,9 milhões de hectares, dos quais 4,3 milhões já foram devastados pelo fogo em 2020. Mesmo assim, em ano de queimada recorde, é preciso não apenas comemorar, mas torna-se imprescindível lembrar da importância do Pantanal, cujo dia é celebrado hoje.

Além da vida vegetal e animal que pulsa no bioma, o Pantanal também é fonte de vida para quem sobrevive de seus peixes e gado, e de sua beleza, através do turismo. Seja por sua riqueza natural ou econômica, preservá-lo é essencial para que pessoas, fauna e flora sobrevivam.

Neste ano, na queimada mais devastadora em 22 anos, o bioma perdeu 29% de sua área para o fogo em toda sua extensão no Brasil - entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Esse patamar nunca havia sido atingido, pelo menos desde 1998.

Com ela, não apenas a vegetação se desfez, mas bichos morreram, em números ainda incontáveis e a atividade produtiva se comprometeu, com impacto nas pastagens do gado, também sem prejuízos calculados até o momento.

Ao todo, de janeiro até ontem, 21.752 focos de incêndio no Pantanal foram registrados. Antes disso, o ano com mais casos foi 2005, quando houve 12.402 no mesmo período.

Fonte: Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ
Fonte: Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ

Mas tamanho estrago chamou atenção, de brasileiros, estrangeiros e celebridades. Maioria incentivando ou somando esforços para que o bioma pudesse sofrer um pouco menos. A comoção, de certa forma, trouxe esperança ao Pantanal e a quem vive nele, de que não estão sozinhos.

Seja com ajuda financeira para que em 2021, a maior planície alagada do mundo possa contar com brigadas permanentes ou seja para que os animais, cujo habitat foi destruído, possam ter alimento, diversas pessoas e entidades se uniram para tentar suprir as perdas.

Ações – Foram inúmeras ações desse tipo, muitas ainda em andamento. Chama atenção a presença de celebridades nessa luta, como o apresentador Luciano Huck ou o cantor sul-matogrossense Luan Santana.

Huck doou e emprestou sua voz para campanha que visa criar a Brigada Alto Pantanal. Por uma das plataformas que permitia a realização de doações, de R$ 500 mil pleiteados, pouco mais da metade, R$ 241.773 foram arrecadados. No entanto, a campanha continua, por outros meios que podem ser acessados aqui.

Luan Santana, por sua vez, chegou hoje ao Pantanal, onde realizará apresentação online e ao vivo (live) em 22 de novembro, às 17 horas. Junto com a National Geographic, ele lançará o movimento “O Pantanal Chama”.

A ação visa angariar recursos para a Organização Não-governamental SOS Pantanal. Assim, durante a exibição da live no canal, um QR Code será disponibilizado na tela para que o público possa conhecer mais o trabalho da ong e fazer a doação.

Trabalho que parece impossível, apagar o fogo é possível pouco a pouco. (Foto: Corpo de Bombeiros MS)
Trabalho que parece impossível, apagar o fogo é possível pouco a pouco. (Foto: Corpo de Bombeiros MS)

Para os animais, alimentos como frutas e cereais estão sendo arrecadados por diversas entidades, bem como por iniciativas individuais, como foi visto aqui.

Comemoração? – A reportagem ouviu dois ambientalistas especialistas em Pantanal sobre o que comemorar neste Dia do Pantanal, em ano de queimada recorde.

Para o biólogo e diretor institucional da Ong Ecoa (Ecologia em Ação), Alcides Faria, o que vem pela frente não é tão animador. “Não há o que comemorar. As previsões climáticas são ruins. É de pouca chuva e o desenho para o ano que vem será desastroso”, avalia.

No entanto, para Cássio Bernardino, analista de conservação da Ong WWF Brasil, apesar do “desastre ambiental sem precedentes”, é possível enxergar de outro modo, sendo “momento de refletir sobre os desafios que estão pela frente e focar na recuperação e na proteção do Pantanal”, analisou.

“O bioma é um ecossistema único, maior área úmida continental do planeta, tem uma biodiversidade única, uma concentração de animais única. É hora de valorizar essa riqueza que o Brasil tem”, avalia, sustentando que “é momento de focar nos planos de conservação e recuperação e montar um sistema eficaz e permanente de controle de incêndios”.

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