Após conversa com ribeirinhos e novo laudo, Imasul reforça decoada no Rio Negro
Quantidade de peixes mortos chegou a 1.000 toneladas
O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) apresentou nesta segunda-feira, na sede do instituto, em Campo Grande, novo laudo que reforçou a possibilidade de que o fenômeno decoada tenha causado a morte de peixes no Rio Negro, em Aquidauana.
Este é o segundo relatório preliminar divulgado pelo órgão sobre o desastre ambiental que ocorreu há três semanas. A quantidade de peixes mortos somou cerca de 1.000 toneladas.
Segundo o diretor do Imasul, Roberto Gonçalves, o novo laudo se baseou nos índices de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de Oxigênio).
Além dos dados técnicos, o relatório se baseia ainda no contato que as equipes que visitaram o local, entre os dias 1º e 3 deste mês, tiveram com as famílias ribeirinhas.
Conforme o diretor, os moradores da região consumiram exemplares de peixe. Outros animais da cadeia, como jacarés e urubus, também se alimentaram do cardume morto.
Essas comprovações, feitas pelos técnicos da Gerência de Recursos Pesqueiros, são indícios que tornam a hipótese de envenenamento mais distante, afirma Roberto Gonçalves.
Apesar de tratar como distante a possibilidade, o diretor do instituto diz que não é possível descartar a suspeita.
Um estudo de análise toxicológica da água é feito pelo laboratório Tasqa, que fica na cidade de Paulínea (SP), e deve ser divulgado no começo da próxima semana. É este resultado que o Imasul espera para afastar a hipótese de envenenamento.
“Os danos ambientais são evidentes, mas por se tratar de uma região com 100 mil hectares de preservação ambiental, onde a pesca é proibida, isso favorece que a recuperação seja mais rápida”, comenta o diretor.
Decoada - O fenômeno da decoada é mais comum de ser registrado na planície Pantaneira no Rio Paraguai, em Corumbá, de acordo com o diretor do Imasul. Contudo, como o Rio Negro compõe a planície, o fenômeno no local não pode ser considerado atípico.
Na decoada, a vegetação local entra em decomposição na seca. Com a chegada da cheia, esse material orgânico, junto com a água quente, contribui para diminuir o oxigênio, forçando os peixes a subir à superfície.
Além do estudo encomendado pelo Imasul ao Tasqa, a 1ª Promotoria de Justiça de Aquidauana solicitou análise à Unesp (Universidade Estadual de São Paulo).