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Meio Ambiente

Em tempos de cinzas e crise hídrica, saiba que a água começa no verde da árvore

“A mata ciliar é fundamental para a proteção dos corpos hídricos”, explica biólogo

Por Aline dos Santos | 21/09/2024 10:07
Margem do Rio Miranda é de contraste: de um lado, mata ciliar; do outro, erosão que faz cerca flutuar. (Foto: Paulo Francis)
Margem do Rio Miranda é de contraste: de um lado, mata ciliar; do outro, erosão que faz cerca flutuar. (Foto: Paulo Francis)

Homenageada do dia, a árvore é essencial para a proteção das águas. Em ano marcado por severa crise hídrica, rios secos e queimadas, as margens do Rio Miranda, na divisa de Jardim com Guia Lopes da Laguna, é um laboratório a céu aberto sobre a importância da mata ciliar.

Do lado de Jardim, a terra cede, deixa a cerca pendente no ar e leva sedimentos para o rio, já vitimado por assoreamento. Mas do lado de Guia Lopes, a vegetação densa e com árvores mostra como deve ser a margem de um grande rio: forte para segurar a enchente e evitar que a terra vá para dentro do leito.

“As árvores (florestas) têm um papel valioso na regulação do ciclo hidrológico, influenciando na disponibilidade e purificação da água, no regime de precipitação, na contenção de enchentes, na luta contra a desertificação, na proteção do solo, lagos e cursos hídricos. A cobertura vegetal regula o fluxo de água em uma bacia hidrográfica, uma vez que aumenta o armazenamento, reduz a erosão e sedimentação, diminui o risco de inundações e melhora a qualidade da água”, afirma o biólogo Sérgio Barreto, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

Ele explica que a mata ciliar é como os cílios, que protegem os nossos olhos. “Ela evita o assoreamento, que sedimentos sejam levados aos corpos hídricos A mata ciliar é fundamental para a proteção desses corpos hídricos”, diz o biólogo.

Um bom exemplo de como o verde protege a água é o Rio Olho D’água, no município de Bonito. Enquanto os rios da região enfrentam turvamento, sina do Formoso, ou trechos secos a exemplo do Prata, ele protagoniza um caso de sucesso.

“Ele é um rio que nasce dentro de RPPN [Reserva Particular do Patrimônio Natural]. Com suas nascentes completamente preservadas, desde da sua origem até a foz no Rio da Prata. É um rio que pode ter chuva de 100 milímetros que não tem nenhum tipo de turvamento. Isso faz que a gente se utilize desse rio para mostrar a importância de preservar nascentes, matas ciliares. Ele tem um fenômeno que é a coisa mais linda: os decks submersos. O rio enche com a chuva, mas a água fica completamente limpa. É um exemplo que deveria ser seguido e replicado”, enfatiza Sérgio.

Verde precioso

Sergio Barreto no leito seco do Rio da Prata, no dia 3 de julho de 2024. (Foto: Paulo Francis)
Sergio Barreto no leito seco do Rio da Prata, no dia 3 de julho de 2024. (Foto: Paulo Francis)

A árvore de pé vale muito para os seres vivos. “As árvores apresentam também uma estreita relação com o ciclo das águas, sendo parte fundamental nos processos de interceptação e infiltração da água das chuvas, além da evapotranspiração, que é quando a água volta à atmosfera. A cobertura fornecida pelas copas e galhos das árvores intercepta as gotas de água, reduzindo a rapidez com que a chuva atinge o solo”, salienta o biólogo.

 Quando a floresta é derrubada ou severamente queimada, além da interrupção da remoção de CO2 (gás carbônico), ocorre o processo de liberação massiva de todo o carbono estocado que se combina com o oxigênio e volta para a atmosfera como gás de efeito estufa.

“Os serviços ecossistêmicos oferecidos pelas árvores, e as florestas que elas compõem, são múltiplos. As árvores são importantes na luta contra as mudanças climáticas, pois realizam a fotossíntese, um processo fundamental para a remoção de gás carbônico (CO2), um dos principais gases de efeito estufa presentes em excesso na atmosfera devido à ação humana”, afirma o biólogo do Instituto Homem Pantaneiro.

Poesia em parede faz alerta sobre proteção das árvores. (Foto: Paulo Francis)
Poesia em parede faz alerta sobre proteção das árvores. (Foto: Paulo Francis)

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