Fabricante de celulose encontra centenas de animais nativos em florestas
Empresa chilena monitora ao longo dos anos as espécies encontradas em uma área de conservação de Água Clara
As empresas de produção de celulose, ao criar as florestas de eucalipto para obter matéria prima, também precisam manter áreas de conservação. A chilena Arauco, que vai construir uma fábrica a partir do ano que vem em Inocência, aproveitou o Dia Mundial do Meio Ambiente para revelar que passou a monitorar, desde 2022, a movimentação de bichos em uma área de preservação em Água Clara e cadastrou centenas de espécies nativas e até ave considerada vulnerável em lista de ameaçadas de extinção, o mutum-de-penacho.
A propriedade, Fazenda Lobo, abriga a AAVC (Área de Alto Valor de Conservação) Refúgio das Antas. O local tem 22 mil hectares, com 16,3 mil ocupados por florestas e 5,6 mil por vegetação nativa.
A empresa decidiu observar e registrar a presença de animais nativos nas quatro estações do ano desde 2022, considerando períodos secos e chuvosos e as características migratórias de algumas espécies.
“Desde que iniciamos nossa atuação em MS, temos nos dedicado a compreender e monitorar a flora e a fauna locais para implementar ações que priorizem a conservação e preservação da natureza”, afirma Márcio Roberto Couto, coordenador de Relações Institucionais & ESG da Arauco, que revelou a satisfação em descobrir a diversidade de espécies abrigadas na área utilizada pela empresa para suas florestas.
A observação permanente resultou na verificação de 243 espécies de aves, número que representa 35,8% das 678 espécies de aves encontradas em todo o Estado. A maioria é comum no Cerrado da região, porém algumas são raras, como a pomba-trocal, pica-pau-de-cabeça-amarela, falcão-caburé, choca-de-asa-vermelha, choquinha-lisa, meia-lua-do-cerrado, bico-virado-carijó, estalador, gritador e sabiazinho-norte-americano. Confrome a empresa, também foram registradas na área de conservação seis espécies de aves endêmicas do Cerrado, dezenove migratórias vindas do sul da América do Sul, três migratórias vindas da América do Norte e uma que consta como vulnerável na lista internacional de espécies ameaçadas de extinção, o mutum-de-penacho.
O levantamento apontou ainda 26 espécies de mamíferos, equivalente a 60,4% das 43 espécies deste grupo encontradas no Cerrado da região, dez delas ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, espécie muito rara no Cerrado da Bacia Hidrográfica do Alto Rio Paraná, o gato-mourisco, raposinha, tatu-canastra, veado-campeiro e cervo-do-pantanal.
A empresa revelou que registrou ainda 42 espécies da herpetofauna, sendo 25 espécies de anfíbios (sapos, rãs e pererecas), cinco espécies de lagartos, nove espécies de serpentes, uma de jacaré e uma de cágado, comuns no Cerrado da região.
A Arauco tem 1,7 milhão de hectares de patrimônio florestal na América do Sul, que incluem 509 mil hectares de preservação da floresta nativa, proteção e conservação, No Estado, a empresa, por ser estrangeira, não tem propriedades próprias, suas florestas são fruto de parcerias para uso do solo. Como o tema do Dia Mundial deste ano é a preservação da terra, a multinacional informou que se empenha em reduzir a emissão de poluentes, meta de baixar em aproximadamente 1,5 milhões de toneladas de CO2 até 2030, tendo certificação como empresa carbono neutro.