Inquilinas barulhentas: Araras fazem ninho em quintal e viram sensação


Não teve jeito. De uns dias para cá, dona Maria teve de se acostumar com os novos visitantes e, claro, com os “gritos” insistentes que eles soltam durante o dia. Maria de Lourdes Gonçalves dos Santos, de 57 anos, agora cuida de Araras Canindé.
Há três meses, duas araras azuis resolveram se instalar e fazer ninho no terreiro da casa dela, no bairro Colibri II, em Campo Grande. Passam a maior parte do tempo em cima do tronco de um coqueiro que, segundo a moradora, “já morreu faz tempo”.
“É o dia inteiro gritando”, conta, acrescentando que as aves “são mansinhas”, mas fazem um “barulhão”.
“Minha vó falou que elas mordem e arrancam sangue”, comenta a adolescente Karine Gonçalves do Santos, de 17 anos.
A presença das araras mudou a rotina de dona Maria. Agora ela passa o dia inteiro de olho no portão, com medo de que algum “engraçadinho” entre, machuque os pássaros ou fuja com eles. “Vai que quer judiar”, supõe.
Dona Maria só não sabe o que vai fazer quando os filhotes - que ela acredita estar sendo chocados - nascerem. “Vai ser um barulheiro quando tiver filhotinhos”, disse. “Mas é um privilégio”, acrescenta.
A presença de araras canindé, também conhecida como a “arara de barriga amarela”, é comum em Campo Grande. O Instituto Arara Azul – que realiza trabalho de monitoramento em busca de ninhos - estima que exista mais de 100 aves da espécie na Capital e pelo menos 40 Araras Vermelhas.
Em 2011, a entidade monitorou 17 ninhos na Capital. Pelo menos 20 filhotes voaram.
Hábitos - As araras não são aves solitárias. Costumam dormir em bando, às vezes em pares, famílias ou grupos. Gostam de ficar penduradas em galhos, como folhas de palmeiras e costumam acordar cedo, antes mesmo do sol clarear.
O tempo de reprodução demoram cerca de 26 dias. O filhote fica no ninho menos de 3 meses, uma média de 85 dias.