MS teve granizo gigante em tempestades da primavera, recorde com mais de 5 cm
Estado também esteve entre os que tiveram temporais mais severos, não esperados
Mato Grosso do Sul foi um dos três estados onde granizo maior do que 5 centímetros de diâmetro caiu durante esta primavera. O tamanho é considerado gigante pelos pesquisadores envolvidos na Prevots (Plataforma de Registros e Rede Voluntária de Observadores de Tempestades Severas) e um recorde para o Estado em relação à mesma estação nos últimos cinco anos.
Granizo são pedras de gelo que podem ter a partir de 5 milímetros. Acontece nos dias de calor, quando o ar quente da superfície terrestre encontra nuvens muito frias em pontos mais altos da atmosfera. O choque de temperaturas faz com que água da chuva formadas nas nuvens se solidifiquem, produzindo o fenômeno.
Para se ter ideia, 5 centímetros de diâmetro é o tamanho aproximado da base de um copo tipo americano. As pedras de gelo foram maiores do que isso em Mato Grosso do Sul e, associadas ao vento, tiveram potencial de causar estragos.
Tempestades "furiosas" - Nos dados completos produzidos pela plataforma, que o jornal O Globo teve acesso, Mato Grosso do Sul também se destaca como Estado onde não se imaginava haver tantas tempestades extremas. A região sul foi a mais atingida por elas.
Outros Estados onde esses acontecimentos tão "furiosos" não eram esperados são Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Essas tempestades também foram notáveis pelos pesquisadores na região Sudeste do país, especialmente nas áreas serranas. A Serra do Mar no Rio de Janeiro, a Mantiqueira na divisa de São Paulo e Minas Gerais e o Espinhaço, também em Minas, foram destacadas.
160% a mais - Em todo o Brasil, os meses de setembro, outubro e novembro tiveram 5.213 notificações da chuvas de gravidade extrema, segundo a Prevots. É número 160% maior do que a média de 2 mil registrada no mesmo período desde 2018, quando a plataforma começou a coletar dados.
Essas tempestades severas se caracterizam por rajadas de vento com velocidade acima de 100 km/h, que podem causar destruição; granizo com pedras de 4 centímetros ou mais de diâmetro e tornados. Quanto a esse último fenômeno, também houve registro em Mato Grosso do Sul.
El Niño - A força do fenômeno explica o aumento, segundo falou ao O Globo o meteorologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e também um dos fundadores da Prevots, Guilherme Touchtenhagen Schild.
"Tivemos quase todos os registros esperados para um ano apenas na primavera. Ela foi excepcional e certamente o El Niño muito forte está ligado a isso. Sobretudo no Sul, que concentra o maior número de eventos e é muito influenciado pelo El Niño", pontua.
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