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Meio Ambiente

Na entrada do Pantanal, vinícola é acusada de espantar aves com fogos

Método utilizada pelos funcionários para evitar o prejuízo está incomodando os moradores da região

Por Viviane Oliveira | 06/06/2024 10:24
Trabalhador acionando os fogos para espantar os passáros (Foto: Direto das Ruas)
Trabalhador acionando os fogos para espantar os passáros (Foto: Direto das Ruas)

Trabalhadores da Vinícola Terroir Pantanal, localizada em Camisão, estão usando fogos de artifício para espantar os pássaros que comem e atrapalham a evolução das plantações de uva. A área fica no distrito que pertence a Aquidauana, distante 141 quilômetros de Campo Grande, na entrada do Pantanal, por isso gerou reclamação de moradores da região.

O método utilizado pelos funcionários para evitar o prejuízo está incomodando que vivem nas redondezas. Eles contam que a vinícola existe há dois anos, mas de dois meses para cá a situação tem piorado muito com o acionamento dos fogos a cada dez minutos ou até menos.

Morador de 56 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que a situação tem trazido muito transtorno também à natureza. “Eles estão dentro de uma APA (Área de Proteção Ambiental) soltando fogos para afugentar as aves, as araras-azuis. Entraram dentro de um habitat natural e não querem que ataquem as plantações deles?”, reclamou.

Segundo o morador, há várias formas de proteger as parreiras, sem perturbar os bichos, os animais domésticos e os moradores, como por exemplo, o uso de telas e rede de proteção. “Está insuportável, incomodando inclusive a população da região. Aqui tem idosos, autistas, deficientes. Todos nós ficamos assustados com esse barulho. Essa situação não pode continuar”, lamentou.

Incomodado com o barulhos dos fogos, cachorro se escondendo ao lado de máquina de lavar roupa (Foto: Direto das Ruas)
Incomodado com o barulhos dos fogos, cachorro se escondendo ao lado de máquina de lavar roupa (Foto: Direto das Ruas)

O assunto repercutiu nas redes sociais. Os moradores questionam o método rudimentar para proteger as parreiras e destacam justamente o turismo de natureza, carro chefe da região. “Triste dia em que soubemos que as aves do Pantanal valem menos que uma garrafa de vinho. O que era para ser um aliado na conservação, tornou-se um verdadeiro transtorno para a população e, principalmente, para os animais e aves do distrito”.

"Sabem me dizer o que são esses foguetes. Toda manhã agora? Coisa desagradável”, escreveu uma moradora no grupo de WhatsApp. “Imagino que seja a estratégia mais barata. Com certeza há outras métodos melhores e de menor impacto para as aves, animais e pessoas. As empresas vendem o nome do Pantanal, mas chegam aqui e soltam fogos nas aves. As pessoas vêm aqui justamente para ver as aves", lamentou outro internauta.

Vídeo encaminhado à redação mostra um dos funcionários justificando os fogos de artifício. Segundo ele, as aves têm invadido as parreiras em buscas de uvas maduras, que estão a poucos dias de serem colhidas.

“O pessoal está reclamando, mas olha o que o passarinho está fazendo. O povo acha que a gente está perturbando porque a gente quer, mas o prejuízo é grande. A gente não quer perder o investimento. Olha o que sobrou! Daqui até lá não tem mais nada”, mostra as uvas que foram danificadas pelas aves.

Indagado, o proprietário da vinícola, Gilmar França, nega o uso de fogos. Ele admite que usa equipamento sonoro, mas afirma que a proteção dos vinhedos é feita com telas e garante que existe uma área específica livre para que os pássaros possam se alimentar. "Usamos um equipamento sonoro com decibéis controlado para direcionar os pássaros para a área que eles possam comer as uvas", destacou. Gilmar encaminhou foto das parreiras protegidas com as telas.

Imagem encaminhada pelo proprietário Gilmar França 
Imagem encaminhada pelo proprietário Gilmar França

Ele explicou que o controle sonoro é feito de três a cinco dias antes da colheita, que deve ocorrer na próxima segunda-feira (10). "Não há nenhum dano às aves porque o efeito é muito localizado e o volume controlado. É exatamente por essa razão que o equipamento usado é autorizado pelos órgãos ambientais brasileiros e pela comunidade europeia".

A reportagem entrou em contato com a PMA (Polícia Militar Ambiental) para se posicionar sobre o assunto e aguarda retorno.  Matéria editada às 9h20 para retirada de vídeo. 

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