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Meio Ambiente

“Pantanal não é só preservação”, defende representante de fazendeiros

Presidentes da Famasul e Acrissul discursaram após anúncio de Riedel sobre suspensão do desmate no Pantanal

Anahi Zurutuza e Gabriela Couto | 14/08/2023 18:40
Marcelo Bertoni, presidente da Famasul, durante discurso (Foto: Juliano Almeida)
Marcelo Bertoni, presidente da Famasul, durante discurso (Foto: Juliano Almeida)

“O Pantanal não é só preservação. As fazendas têm que ser viáveis economicamente”. A defesa foi feita pelo presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, na tarde desta segunda-feira (14), quando o governador Eduardo Riedel (PSDB) convocou a imprensa para anunciar que suspenderá por tempo indeterminado a concessão de novas licenças ambientais para desmatamento no Pantanal até que uma legislação estadual seja discutida e aprovada.

Bertoni argumenta que é preciso fazer um debate com responsabilidade, olhando também para a questão social e econômica. Pelo raciocínio do representante de fazendeiros, uma legislação muito restritiva por “expulsar” o “homem pantaneiro” que ocupa o bioma há quase 300 anos. “Isso, para nós, traz uma preocupação muito grande. Porque, querendo ou não, a preservação chegou a este ponto graças aos homens pantaneiros que estão ali”.

O presidente da Famasul lembrou ainda que sai das propriedades rurais a comida que está na mesa de muita gente e que se a atividade na região não for viável, pode acontecer o inverso e o Pantanal sucumbir ao desmate ilegal por exemplo. “Sem barriga cheia não existe preservação”.

Para Bertoni, a discussão tem de ser “ampla e tranquila”. É preciso “pensar que existem pessoas morando lá, que precisam ter o desenvolvimento. E entender que se existe a preservação, precisa ter uma rentabilidade para esses produtores que lá estão”.

Segundo a Famasul, hoje, a legislação determina que 50% da extensão das fazendas no Pantanal sejam preservadas, mas no passado, chegou a ser permitido desmatar 80% das áreas.  sua propriedade já é proibido. Sendo que o Código Florestal, lá atrás, dizia em 20%.

Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul, também discursou após anúncio do governador (Foto: Juliano Almeida)
Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul, também discursou após anúncio do governador (Foto: Juliano Almeida)

Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), seguiu a mesma linha de raciocínio e afirmou que mesmo com legislação mais flexível no passado, hoje, 85% do Pantanal continua preservado. “O homem pantaneiro está lá instalado há muitos anos e a preservação está aí pra todos que possam ver. Estamos com muita tranquilidade. Vamos partir para esse desafio para que a gente possa chegar num consenso”.

O representante de pecuaristas afirmou que o assunto já foi exaustivamente debatido num passado recente, mas que não vê problema em retomar a discussão. “Se é necessário abrirmos novamente a discussão pra ver se estamos no caminho certo, vamos assim fazer com muita responsabilidade. Lembrando sempre que ali há mais de 2,5 mil propriedades que dependem da pecuária”.

O anúncio – Na próxima quarta-feira (16), o governador Eduardo Riedel (PSDB) publicará decreto para suspender licenças para desmatamento no Pantanal por tempo indeterminado. Nesse período, secretários e técnicos levarão o debate sobre o tema à Assembleia Legislativa para aprovação da primeira “Lei do Pantanal”.

O anúncio ocorre depois de manifestação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima sobre colocar em pauta uma resolução para frear o desmatamento no bioma.

Produtor rural, Riedel também lembrou que é preciso levar desenvolvimento para a região, com a construção de estradas, por exemplo. “Porque muito se fala de meio ambiente, mas, muitas vezes, a gente esquece que no Pantanal tem homens, mulheres, crianças, pessoas que trabalham, que se deslocam, e aí entra essa discussão da infraestrutura no Pantanal, extremamente importante, e é dessa maneira que nós vamos fazer essa discussão”.

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