Período de cheias no Pantanal caiu de 6 para 2 meses, aponta pesquisa
Redução é fruto de mudanças climáticas, mas também de desmatamento no Brasil
O Pantanal tem alagado menos e o período em que fica inundado diminuiu. Levantamento feito pelo MapBiomas indica que o período de cheia durava cerca de seis meses na década de 1980, mas agora, dura apenas dois.
No ano passado, que registrou recorde em focos de incêndio, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a cheia atingiu apenas 1,5 milhão de hectares, a menor desde 1988, quando a rede passou a monitorar esses dados.
Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Rosa, que integra o MapBiomas, a redução de água no Pantanal ocorre por conta da variação climática, enfrentada pelo mundo todo, mas também por desmatamentos em diversos biomas brasileiros.
Em entrevista ao jornal O Globo, Rosa ressalta que o bioma pantaneiro depende de outras partes do Brasil. “Depende de quanto é possível reflorestar em matas ciliares e recuperação de nascentes na área de planalto da Bacia do Alto Paraguai. E também da Amazônia, que é de onde vem a chuva para a região”.
Não apenas a ação do homem registrada na região pantaneira ocasiona tal fenômeno. A exploração predatória na Amazônia e Cerrado fazem com que aconteçam menos chuvas, oriundas da água de rios de outros lugares. Segundo o instituto, o Pantanal tem cerca de 83,8% de sua vegetação nativa preservada. Entretanto, no planalto de Mato Grosso, cerca de 56,6% da terra já foram desmatadas.
Em meados de julho a outubro, período de seca, registram também mais incêndios. A parcial deste ano é de pelo menos 4,9 mil focos registrados pelo Inpe. No mesmo período, do ano passado, foram 17,4 mil.
Vale lembrar que, de 1985 a 2020, cerca de 1,8 milhão de hectares do Pantanal foram ocupados pelo homem. Na Bacia do Alto Paraguai, presente no Mato Grosso do Sul, 40% da área possui uso agropecuário.
Ação no STF - Recentemente, 32 ONGs (Organizações Não Governamentais) enviaram carta ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, e à vice-presidente da casa, ministra Rosa Weber, para que determinem urgência no andamento de uma ação que obriga o governo federal e os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul a atuarem para evitar queimadas no Pantanal.
O documento é assinado por organizações como O Observatório do Clima, SOS Mata Atlântica e Greenpeace Brasil.
Segundo apurado pelo O Globo, a ação pode demorar na Justiça, por conta da demora na indicação do novo ministro pelo presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), que deverá ser o ex-advogado-geral da União, André Mendonça.