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Meio Ambiente

Potencial do Pantanal para projetos de carbono passa de 1,2 milhão de hectares

Por Silvio de Andrade | 05/02/2025 10:15

Estudo inédito sobre estoque de carbono desenvolvido pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), entidade fundada em 2002 em Corumbá, identificou mais de 1,2 milhão de hectares no Pantanal com real potencial para desenvolvimento de projetos e obtenção de recursos por meio dessa solução baseada na natureza.

Potencial do Pantanal para projetos de carbono passa de 1,2 milhão de hectares
Serra do Amolar, uma das áreas mais preservadas do Pantanal. Foto: F´sbio Olmos

RESUMO

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Um estudo do Instituto Homem Pantaneiro identificou mais de 1,2 milhão de hectares no Pantanal com potencial para projetos de carbono. A iniciativa visa remunerar os pantaneiros pelo uso sustentável do ecossistema, alinhando-se à meta de Mato Grosso do Sul de ser carbono neutro até 2030. O levantamento utilizou dados do INPE e outras instituições, focando em projetos REDD+ e ARR, excluindo áreas protegidas e de outras iniciativas de crédito de carbono.

Trata-se de uma oportunidade para que os pantaneiros possam ser remunerados diante do trabalho que já é feito para o uso econômico sustentável do ecossistema há mais de 250 anos. O trabalho, segundo o instituto, otimiza esforços e está alinhado à meta de Mato Grosso do Sul de se tornar carbono neutro até 2030.

O Relatório de Oportunidades e Potencialidades do Crédito de Carbono para Proprietários Rurais do Pantanal, gerado pelo IHP com a parceria de uma empresa especializada, identificou 1.203.050,23 de hectares com estoques que vão na faixa entre 75 a 100 tC/há (toneladas de carbono por hectare) e 100 a 121,92 tC/ha (onde tC/ha. Os maiores valores estão relacionados à formação Floresta Estacional Semidecidual Aluvial, e depois são seguidos pela Savana Florestada e pela Savana Estépica.

O levantamento foi realizado com dados de carbono acima do solo e os mapas desenvolvidos a partir de plataformas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Também foram utilizados documentos da Atualização Bienal, que envolve o compromisso do Brasil, durante a COP17, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Novos mercados

O presidente do IHP, Ângelo Rabelo, explica que a iniciativa é uma proposta para otimizar os esforços em um território que tem grandes dimensões e desafios de logística, bem como assegurar uma matriz econômica para auxiliar na manutenção da propriedade. “Esse trabalho está alinhado a uma política pública do Estado para permitir desenvolvimento da bioeconomia e abertura de novos mercados”, argumenta.

Potencial do Pantanal para projetos de carbono passa de 1,2 milhão de hectares

Na sua avaliação, devido ao modelo de ocupação de séculos pelo homem nativo em harmonia com a natureza, o Pantanal possui características únicas que ajudam a favorecer esse modelo de pagamento por serviços ambientais (PSA).

“O que estamos propondo é assegurar uma matriz econômica de manutenção das propriedades no Pantanal, além de estar alinhada a um plano de políticas públicas”, lembrando que o IHP obteve, em 2023, a primeira certificação de créditos de carbono no bioma.

Metodologia

Para obter mapeamento técnico, o levantamento utilizou tecnologia de ponta em ambiente de Sistema de Informações Geográfica (SIG), além de cruzamento de informações do INPE, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, dos estados de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Verra, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de pesquisas científicas desenvolvidas no Pantanal.

A análise ainda levou em consideração as 11 sub-regiões que existem no bioma e também as metodologias propostas pela certificadora Verra. Com isso, segundo o IHP, os estudos foram voltados para os projetos REDD+ (Redução de Emissões provenientes do Desmatamento e Degradação Florestal) e ARR (Arrendamento e Restauração Florestal).

Não foram consideradas no levantamento as áreas legalmente protegidas e de sobreposição com outras iniciativas de crédito de carbono, de povos indígenas e comunidades tradicionais, assentamentos e áreas públicas (cadastradas no Sistema de Gestão Fundiária e no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural).

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