Privilégio no Parque dos Poderes é tirar foto todo dia de animais silvestres
Mutuns, quatis, raposas, macacos, capivaras fazem parte do cotidiano de funcionários públicos. Saiba como conviver em equilíbrio.
Os mutuns que transitam pelas vias do Parque dos Poderes já não são novidade entre os campo-grandenses, mas toda vez que eles aparecem viram atração e encantam, com suas penas negras e carijós, de beleza peculiar. Como eles, capivaras, quatis, lobinhos, tatus, lagartos e raposas também fazem parte do cotidiano, principalmente, de funcionários públicos – um registro fotográfico, ou pelo menos a tentativa, é inevitável.
São inúmeras espécies, das mais ariscas às mais tranquilas, acostumadas com a presença do homem, talvez. Os animais saem das matas, atravessam as vias e chegam aos jardins de prédios da Governadoria, órgãos, autarquias e secretarias estaduais, Assembleia Legislativa, Comando Geral da Polícia Militar.
Não raro adentram as salas e pegam comidinhas deixadas pelos funcionários nas mesas. Quatis, por exemplo, são o “bando do Parque”. Eles reviram tambores de lixo, bagunçam tudo, fazem lá suas graças e, sempre, chamam a atenção.
Na tarde desta quarta-feira (02), a mirim Tays Oliveira de Melo, 16, procurava o melhor ângulo no celular para fotografar dois quatis, na calçada na Rua Delegado José Alfredo Hardman.
"Vejo todos os dias e não me canso de tirar foto. Acho eles engraçados, com seus barulinhos e briguinhas por comida. Adoro isso em nossa Capital", explica.
A convivência com esses animais inspirou o apelido da copeira Eliane da Costa, 54, terceirizada no Tribunal de Justiça. “Quando eu prendo meu cabelo, todo mundo fala que fica parecido com o rabo de um quati. Não deu outra: é esse meu apelido”, conta, às gargalhadas, a “quati” do TJ.
Quem também sempre se encanta, mesmo observando diariamente os animais silvestres, é Mahiele da Cruz Gonçalves, 29. “É um privilégio de quem mora aqui. Tiro foto aqui e meu pai me ajuda a identificar os bichos. Temos que cuidar para preservar isso”, acredita ela, que atua no setor de tecnologia do TJ.
Por ali, também já foram vistos veados, macacos, tucanos, araras, porco, saracura, alma-de-gato, quero-quero, cutia, paca e até jiboias. De forma geral, eles procuram por alimentos.
"Não há um quantitativo exato de quantas espécies e indivíduos habitam a área do Parque dos Poderes. Estima-se que sejam mais de 100 espécies, distribuídas entre as classes de mamíferos, répteis e aves", afirma a zootecnista Ana Paula Felício, fiscal ambiental do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
Atualmente, cerca de 800 animais estão abrigados no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), sendo que as aves representam 80% do total, mamíferos 15% e répteis 5%. Os animais que chegam ao Cras são vítimas de atropelamentos, maus tratos, batida em vidros de prédios, caída de ninhos, provenientes do tráfico e criados ilegalmente.
Na Capital, foram capturados 823 animais em 2016 e 824 em 2017 - média de 2,25 por dia. Dependendo das condições dos bichos, eles são soltos na natureza após avaliação de médicos veterinários e biólogos.
Muita área verde - “Campo Grande conservou sua fauna porque preservou sua área verde, com unidades de conservação, parques lineares e reservas. Isso favorece o aparecimento dos animais na área urbana. Tem a maravilha do convívio, mas aumentam os riscos”, alerta o tenente coronel Edmilson Queiroz, responsável pela comunicação da PMA (Polícia Militar Ambiental) do estado.
“Tem cidade que não tem atropelamento de animais, porque não existem animais... concretou tudo”, ressalta.
É preciso buscar equilíbrio. A orientação, segundo ele, é não se aproximar nem mexer com os animais, porque eles podem se sentir ameaçados e atacar; transitar numa velocidade de segurança para evitar atropelamentos e não alimentar os animais, pois pode mudar hábitos e prejudicar a saúde deles. Se algum adentrar a área residencial, o recomendado é não capturar o bicho. Acione a PMA pelo (67) 3357-1500, para encaminhamento ao Cras.