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Meio Ambiente

Sem chuva e cheia, cenário é de queimadas mais devastadoras no Pantanal em 2021

O nível do rio Paraguai, segundo dados do Imasul, está em situação de estiagem, com cota abaixo dos 95% necessários

Lucia Morel | 09/12/2020 18:08
Pantanal sofreu em 2020, com milhares de focos de incêndio e comprometimento de 29% de sua área. (Foto: Corpo de Bombeiros)
Pantanal sofreu em 2020, com milhares de focos de incêndio e comprometimento de 29% de sua área. (Foto: Corpo de Bombeiros)

Com os níveis mais baixos dos últimos anos e sem cheia prevista devido poucas chuvas, as queimadas no Pantanal em 2021 podem ser mais devastadoras que as deste ano. Entre 2019 e 2020, havia se acendido alerta sobre a possibilidade de incêndios de grandes proporções, decorrente do já percebido nível baixo do Rio Paraguai. Para ano que vem, eventos podem ser ainda mais catastróficos.

O biólogo Alcides Faria, diretor da organização não governamental, Ecoa (Ecologia em Ação), destaca que o nível está muito baixo para esta época do ano, e lembra que “quando víamos a situação no ano passado, sabíamos que 2020 seria dramático, porque assim, as águas não vazam da calha e tem pouco chuva, aumentando material orgânico para ser queimado”, explica.

E se comparada com 2019, de fato, o nível do Rio Paraguai está muito baixo. Para se ter uma ideia, dados do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) mostram que o rio está em situação de estiagem, com cota abaixo dos 95% necessários para a normalidade.

Em medição de hoje pela manhã, o nível é de apenas 9 cm. No ano passado, em 9 de dezembro, o nível era de 96 cm, já considerado baixo. Em 2018, estava em 256 cm. Ou seja, de lá pra cá, o leito do rio só apresentou queda, o que atualmente causa não apenas problemas para a navegação, mas para a sobrevivência e abastecimento de quem vive às margens.

Fonte: Imasul/Sala de Situação
Fonte: Imasul/Sala de Situação

Essa situação é um risco, porque o Pantanal, ano que vem, “pode queimar mais que em 2020 e é preciso fazer prevenção, com equipamentos, brigadas e essas brigadas não serem desativadas. É preciso ter um plano pro Pantanal inteiro”, sustenta.

Neste ano, milhares de animais morreram, 29% do bioma foi queimado e famílias sobrevivem às duras penas no pós-fogo. Além de baixa, a água do rio está suja, cheia de cinzas e incapaz de abastecer as comunidades ribeirinhas. Bancos de areia se formam no leito, impedindo a navegação em vários trechos.

Não chove há dias na região, e apesar do fogo estar controlado, ainda há 12 focos de incêndio no bioma, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Neste mês, brigadas de combate a incêndio do Governo Federal serão desmobilizadas, voltando apenas em julho do ano que vem. No entanto, vale lembrar que este ano, o fogo começou cedo por lá, ainda em fevereiro.

Não há serviço de brigada permanente, sendo que a única iniciativa real é do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), que tenta criar, através de doações, a Brigada Alto Pantanal, que pretende ser estabelecida de forma contínua.

“A hora agora é de fazer preparação pra 2021, que foi o que não teve do ano passado pra cá. Porque se fizer uma boa prevenção, com equipamentos e pessoas, diminuem os impactos”, analisa Alcides, relatando que através da Ecoa, tenta conversar e sensibilizar o Poder Público para evitar estragos maiores no bioma no ano que vem.

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