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Meio Ambiente

Sem trabalhar, catadores vivem expectativa ruim para o Natal

Mariana Lopes | 20/12/2012 10:07
Reunião de catadores com representante da Solurb, na manhã de hoje (Foto: Rodrigo Pazinato)
Reunião de catadores com representante da Solurb, na manhã de hoje (Foto: Rodrigo Pazinato)

Sem trabalhar desde que o lixão de Campo Grande fechou e a menos de uma semana para o Natal, os catadores que sobrevivem do Lixão de Campo Grande, desativado ontem, vivem momentos de angústia e sem perspectiva para as festas de final de ano. Sem carteira assinada, o salário deles não está na conta no quinto dia útil do mês, mas sim a cada dia, de acordo com a produção individual deles. Isso significa que esses dois dias sem recolher os resíduos para poder vender interfere diretamente no bolso e até na comida que entra em casa.

João Ramos da Silva, de 56 anos, tem quatro filhos para sustentar e hoje o maior desejo dele é voltar a trabalhar. “Já perdemos o dinheiro desses dois dias, e mesmo que a gente volte a trabalhar amanhã, ainda não teremos o dinheiro na não imediatamente. Com a graça de Deus, vamos conseguir ter alguma coisa no Natal”, diz o catador, em um misto de preocupação e conformismo.

Na manhã desta quarta-feira (19), um grupo de catadores e o encarregado operacional da Solurb, Gustavo Pitaluga, se reuniram na usina onde eles irão trabalhar para definir cargos e regulamento da cooperativa que será montado para os catadores. Os trabalhos no galpão só iniciam após tudo documentado e organizado, segundo o superintendente da empresa responsável pelo aterro sanitário, Élcio Terra.

Diante do conceito de cooperativa, os catadores sentem certo receio com o novo modelo de trabalho, mas entendem que não há alternativa. “Não temos outra escolha, bem ou mal, temos que ficar aqui, não temos outra escolha”, reflete João, catador no Lixão há 17 anos.

Também preocupada com o Natal, a catadora Sheila Gonçalves, de 48 anos, conta que tem cinco filhos e três netos que moram com ela e se a festa fosse hoje, não teriam o que cear. “De qualquer forma, nosso Natal vai ser triste, não faço ideia do que vamos colocar na mesa”, diz.

Sobre a cooperativa, ela afira que o único desejo é que comecem a trabalhar logo. “A gente ganha por dia, não sei como vai ser trabalhar aqui, mas com certeza vai ser melhor do que ficar parado”, pontua a catadora.

Para a catadora Elza de Souza, 46 anos, a data na qual a empresa decidiu desativar o Lixão foi imprópria. “A verdade é que com essa situação nenhum de nós sabe como vai ser o Natal, vivemos na incerteza”, conta.

Refeitório (Foto: Rodrigo Pazinato)
Refeitório (Foto: Rodrigo Pazinato)
Galpão improvisado para catadores trabalharem enquanto o que será usado realemente ainda não está pronto (Foto: Rodrigo Pazinato)
Galpão improvisado para catadores trabalharem enquanto o que será usado realemente ainda não está pronto (Foto: Rodrigo Pazinato)

Na reunião de ontem, a Solurb recolheu assinaturas dos catadores que querem trabalhar na cooperativa e que receberão o uniforme doado pela empresa. No total, foram 78 assinaturas recolhidas, mas no cadastro há o nome de 90 catadores.

De acordo com Élcio, o início do trabalho depende da organização dos catadores. Segundo ele, eles podem começar a trabalhar mesmo que o galpão da usina não esteja pronto.

De imediato, para poder atender os catadores, a Solurb improvisou dois galpões onde os trabalhadores terão que fazer a seleção dos dejetos no chão. O galpão no qual será instalado a esteira deve ficar pronto em 120 dias, de acordo com Élcio.

A estrutura física do galpão é de responsabilidade da Prefeitura e pelo edital ele já deveria estar pronto, porém, está só com as paredes levantadas. As esteiras são de responsabilidade da Solurb, mas ainda não foram compradas, segundo Élcio.

Na usina, o que está mais adiantado é o refeitório, banheiros e cozinha, que na manhã de ontem ainda estavam sendo pintados e com a fiação inacabada, além de não estar mobiliado. Mas segundo Élcio, até o final da tarde de hoje estará pronto.

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