Tamanduá-bandeira albino é descoberto em fazenda de MS
Alvin recebeu um colar de monitoramento via GPS colocado por pesquisadores do ICAS
Batizado como Alvin, filhote de tamanduá-bandeira albino (alteração genética que atinge a produção de melanina) foi encontrado na Fazenda Barra Bonita I, na região de Três Lagoas, distante 327 quilômetros de Campo Grande. Assista, acima, ao vídeo.
O mamífero recebeu um colar de monitoramento via GPS colocado por pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres). Alvin será alvo de estudo inédito para compreender como será a adaptação dele, com características incomuns, no Cerrado.
Conforme a médica veterinária Débora Yogui, esse é o segundo tamanduá com albinismo localizado na mesma região. O primeiro foi registrado pela PMA (Polícia Militar Ambiental) em agosto do ano passado. O animal foi encontrado morto pelos pesquisadores do ICAS e com sinais de predação.
Estudo - Bióloga e pesquisadora do ICAS, Nina Attias explica que além das características genéticas, o estudo irá avaliar como o fato de ser albino influencia o comportamento e a saúde do animal.
Segundo a pesquisadora, os tamanduás são naturalmente sensíveis a temperaturas extremas e precisam de áreas com vegetação mais densa para se abrigar de frio ou calor extremo. Isso pode ser um desafio ainda maior para um tamanduá albino vivendo no Cerrado - bioma que mais sofre com o desmatamento, diminuindo drasticamente o habitat da fauna silvestre.
Além de monitorar o comportamento do Alvin quando sair das costas da mãe e de como será a sua adaptação neste ambiente, o estudo quer descobrir se o tamanduá-bandeira ou sua mãe podem ter alguma relação genética de parentesco com o juvenil encontrado em 2021 e tentar entender como um evento tão raro pode ter acontecido duas vezes no mesmo lugar em um período tão curto.
Pelagem marrom - Os tamanduás-bandeira normalmente possuem uma pelagem marrom-acinzentada com uma grande faixa preta nas costas. Essa coloração é de extrema importância para a sua sobrevivência, pois ajudam na camuflagem contra possíveis predadores, e também ajudam a filtrar os raios solares, proporcionando um conforto térmico e protegendo esses animais do sol e calor típicos do Cerrado.
"O ICAS tem um trabalho de longo prazo com essa espécie, já monitoramos mais de 70 tamanduás com rádio colares, aparelho que nos permite conhecer a localização geográfica do animal. É muito importante para entender como os animais se movimentam e usam a paisagem. Vai ser muito interessante saber como esse tamanduá albino vai se adaptar à realidade dele, com essa coloração. O albinismo torna o animal muito mais sensível à luz", destacou o biólogo Arnaud Desbiez, do projeto Bandeiras e Rodovias (ICAS).