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Pet não é brinquedo e adoção é para quem dá conta de um compromisso

A adoção consciente é essencial para evitar abandonos futuros e garantir uma boa relação entre tutor e animal

Por Idaicy Solano | 30/01/2025 06:25
Pet não é brinquedo e adoção é para quem dá conta de um compromisso
Adotar um pet exige comprometimento e disposição para atender as demandas do animal (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Adotar um pet pode ser um gesto de amor, mas também é uma decisão que vai muito além de se encantar e levar um animalzinho bonito para casa. Ter um bicho de estimação é para quem sabe lidar com a responsabilidade, dedicação e cuidados que impactam diretamente a saúde e o bem-estar do animal, assim como a ideia de que a rotina pode mudar.

Desde a adaptação ao novo ambiente até a atenção com alimentação, saúde e comportamento, cada detalhe conta para garantir uma vida feliz ao pet, e isso exige que os tutores estejam preparados para assumir essa missão. Acima de tudo, a adoção consciente é essencial para evitar abandonos futuros e garantir uma boa relação.

Segundo a médica veterinária Valentina Klein Polanczyk Bieger, tão importante quanto preparar o ambiente para a chegada do pet é levar em consideração que, ao tomar a decisão de adotar, a rotina do tutor vai mudar, e novos gastos, responsabilidades e compromissos surgirão no dia a dia. Isso inclui manter a vacinação em dia, cuidar da alimentação, limpar os dejetos do animal, observar se está tudo bem com ele e levá-lo ao veterinário quando necessário.

Se há disposição para assumir esse compromisso, o próximo passo é verificar se o ambiente é adequado às necessidades do animal. Segundo a profissional, a primeira coisa a se considerar em relação ao ambiente é determinar locais onde o pet poderá fazer suas necessidades fisiológicas, para evitar dores de cabeça no futuro.

No caso de filhotes, isolá-los em ambientes específicos da casa, com pote de comida, água e espaço adequado para fazer xixi, pode ser uma alternativa para facilitar a adaptação e acostumar o pet ao novo lar.

"Tem que ter em vista o que ele precisa. Por exemplo, se for um gatinho, já é bom introduzir uma fonte de água ou espalhar potinhos por toda a casa. Se for um filhote de cão, ele vai fazer xixi no tapete higiênico, na calha, na graminha? Tudo isso tem que ser levado em consideração", explica Valentina.

Lidando com o temperamento

É muito difícil prever se o pet será tranquilo, agitado ou obediente. Normalmente, ao chegar a um novo lar, é natural que ele tenha curiosidade e explore a casa, por isso a adaptação do ambiente é tão importante.

"Tudo para eles é novidade. Existe também a questão de que alguns cães têm o hábito de roer. Então, pode ser que, num primeiro momento, enquanto ainda estão descobrindo a casa, apresentem esses comportamentos que nós, humanos, não gostamos, pois acabam danificando objetos. Por isso, é importante separar um espaço que não seja tão passível de danificação, até que ele entenda que não precisa fazer isso e que tem outros meios de gastar energia", orienta Valentina.

A veterinária recomenda que os tutores adotem uma postura de educação positiva com os animais recém-chegados, ensinando o que é certo e errado e estabelecendo regras dentro de casa, oferecendo recompensas a cada atitude positiva do cão ou do gato. Além disso, ela ressalta a importância de impor limites, tanto de território quanto de comportamento, para evitar que os pets desenvolvam agressividade no futuro.

Pet não é brinquedo e adoção é para quem dá conta de um compromisso
Felinos precisam ser incentivados ao consumo de água e a utilizar a caixa de areia desde cedo (Foto: Arquivo/Divulgação)

Maus-tratos e abandono 

Animais, principalmente os resgatados, podem vir com um histórico de maus-tratos e abandono, e podem apresentar uma postura mais defensiva ou reclusa. A veterinária explica que, nesses casos, a melhor forma de ganhar a confiança é dar espaço e trabalhar a aproximação aos poucos. Isso exige tempo e paciência, e muita atenção aos sinais, para descobrir quais são os gatilhos que despertam as "lembranças" das agressões.

"É uma situação muito difícil e que às vezes demanda tempo. Normalmente, a gente não tem um cão que foi resgatado de maus-tratos, apresentando um comportamento carinhoso, mais alegre, num primeiro momento. Isso pode levar até meses para eles realmente entenderem que não vão ser maltratados", detalha.

Uma forma de fazer o animal entender que o novo tutor não é uma ameaça, é oferecer petiscos e recompensas para atrair a atenção do animal, e demonstrar que você está ali para cuidar dele, e não maltratar.

Outra dica de Valentina é identificar se o animal sente medo de algum utensílio, como rodo, vassoura, ou qualquer outro objeto comum dentro de casa que possa ser sido utilizado para maltratá-lo. A ideia é deixar esses objetos no mesmo local em que o cão ou o gato está, sem ele notar, para que perceba que na nova casa, não será utilizado contra ele.

"Tudo tem que ser feito de forma lenta e gradual, com um reforço profundo e positivo [de que não sofrerá mais maus-tratos]. Você pode oferecer a ração na mão, e tentar fazer um carinho enquanto ele come, por exemplo, mas nunca pegar no colo, já fazer gestos de amor exagerados num pet que ainda tem muitos traumas e muitos receios de tudo que ele já viveu", orienta.

Pet não é brinquedo e adoção é para quem dá conta de um compromisso
Em Campo Grande, a prefeitura e diversas ONGs organizam feiras de adoção pela cidade (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

Lares que já tem pet

Quando a casa já tem animais de estimação e chega um novo membro para a família, Valentina explica os tutores precisam ter em mente que, dependendo do caso, a adaptação pode levar tempo e paciência.

Em sua experiência, ela observa que no caso dos cães, a aproximação acontece de maneira mais natural e fácil, mas o mesmo pode não acontecer com os gatos.

"Quando são dois gatos, a gente tem uma dificuldade a mais, especialmente se o primeiro for mais territorialista. E para espécies diferentes, como cachorro e gato, a gente também pode ter uma dificuldade a mais pela questão territorial e pelos hábitos diferentes", explica.

O ideal é manter os pets separados no início, e trabalhar a convivência de maneira gradativa, dando pequenos passos de cada vez. Algumas dicas são sempre respeitar o espaço de cada animal, e não forçar a interação, permitindo que aconteça de maneira natural.

Para isso, os tutores podem trabalhar o convívio de maneira indireta, permitindo que os pets tenham contato visual, sintam o cheiro e a presença um do outro, e, em hipótese alguma, deixar os animais sozinhos no mesmo ambiente sem supervisão. O monitoramento deve ser constante, e o tutor deve se atentar aos sinais, tanto negativos quanto positivos, como rosnados ou posturas defensivas.

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