1º debate reúne 6 candidatos e tem briga com plateia
ACP realizou na noite desta segunda-feira o 1º debate para prefeito de Campo Grande com tema "educação"
Quem esperava embate, só viu isso na plateia durante o primeiro debate público na disputa pela prefeitura de Campo Grande. O Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), recebeu na noite desta segunda-feira (19) seis concorrentes e apresentou todas as questões relacionadas ao tema da educação. A plateia foi composta por professores e representantes sindicais. Participaram do debate os candidatos Camila Jara (PT), Luso de Queiroz (PSOL), Beto Pereira (PSDB), Adriane Lopes (PP), Rose Modesto (União) e Beto Figueiró (Novo), o único que resolveu "arrumar briga com a plateia".
Os candidatos Jorge Batista (PCO) e Ubirajara Martins (DC) não participaram porque, conforme a ACP, só foram convidados para o debate os candidatos que estiveram no podcast realizado pelo sindicato ainda na pré-campanha.
A plateia do debate se mostrou muito agitada e o mediador teve de pedir silêncio em várias ocasiões, inclusive com necessidade de interromper a fala de um dos candidatos para pedir silêncio.
O candidato do Novo foi o de mais desentendimentos com o público durante o debate, inclusive teve seu tempo reposto após ser vaiado pelos profissionais da educação quando disse que considerava a merenda servida nas escolas públicas "uma verdadeira lavagem". "Às vezes tem carne de má qualidade, mal cheirosa, um arroz com charque mal feito", disse.
Além disso, Beto "bateu boca" com o candidato do Psol, Luso de Queiroz, em um momento que deveria estar sentado. O motivo da discussão foi o comentário de Luso o projeto apresentado pelo candidato do Novo intitulado "Maná e Torá", que segundo Figueiró tem inspiração bíblica.
Na sequência Luso defendeu os profissionais da educação, desde as merendeiras, até os diretores e afirmou que as escolhas tem merendas de qualidade. Para alfinetar o antecessor perguntou: "vai cair maná do céu? Vai cair peixe do céu? Isso é conversa de louco". Ao Campo Grande News, Figueiró disse que se "descontrolou" quando o adversário "atacou" a Bíblia".
1º bloco - Camila Jara destacou que é filha de professora e de um jornalista, que teve a família “instaurada” na educação e que desde pequena aprendeu a importância da educação.
Beto Figueiró disse que foi ao debate para fazer a direita ter voz, mas não a direita que ele considera “oportunista”. “Elogiou” Camila Jara por ela por ter coragem de ser petista comparando com outros candidatos que não têm coragem de assumir que são “comunistas”.
Rose Modesto gastou boa parte do tempo agradecendo o convite e lembrou das lutas na ACP, falou sobre os 10 anos em sala de aula.
Adriane Lopes defendeu brevemente sua gestão falando que nesses dois anos, Campo Grande avançou muito, e que ela tem projetos novos a arrojados para educação da Capital.
Beto Pereira destacou que para uma boa educação é preciso recuperar a economia de Campo Grande, também prometeu um plano de cargos e salário, fazer concursos públicos e garantir gestão democrática das unidades educacionais.
Por fim, Luso de Queiroz disse que não tem padrinho político, que não é dono de nenhuma rádio e que tem coragem de mudar a cidade e também que sempre esteve ao lado de professores.
2º bloco - A primeira pergunta foi feita por Adriane Lopes sobre política de valorização do magistério e cumprimento do piso de 20 horas à candidata Rose Modesto. A pergunta de Adriane foi breve, apenas repetindo o que estava escrito no papel.
Rose disse que no governo dela irá tratar a educação com prioridade, que vai procurar arrumar mais dinheiro, com uma gestão eficiente, cortando gastos, diminuindo o número de alunos em sala de aula, fortalecendo a educação especial e pensando no administrativo
Em sua réplica, a prefeita foi mais incisiva, perguntou porque em gestões passadas, onde Rose teria indicado no nome do secretário de Educação, ela não resolveu.
Na tréplica a candidata do União disse que dessa vez vai ser a prefeita e que quem tem que responder pelo passado são as pessoas que estavam nos cargos.
Em seguida, Beto Figueiró perguntou sobre política para cuidar da saúde do magistério à Adriane Lopes. Ele perguntou a Adriane porque a classe dos professores têm sido maltratada pelas administrações anteriores e por que continuam sendo.
Adriane respondeu a Beto que acordou com a ACP cinco metas de revitalização escolar, progressão e gestão democrática. Criticou a gestão do PSDB e disse que está fazendo o que não foi feito em 20 anos.
Beto ponderou, então, que é filho de professora, que foi criado com muita dignidade e que está na eleição com muita dignidade para quebrar um paradigma.
Em sua tréplica, Adriane falou das 150 salas de aula que construiu em seis meses e que está revitalizando 205 escolas.
Na sequência, Rose Modesto perguntou sobre politica de gestão democrática nas unidades de ensino da Reme (Rede Municipal de Ensino) para Beto Figueiró. Rose perguntou se Beto pretende manter as eleições nas escolas. Beto respondeu que as eleições serão “mantidas e ampliadas”, que lamentavelmente a merenda servida é considerada uma verdadeira “lavagem”.
Nesse momento Beto foi interrompido pela plateia, reclamou do tempo que perdeu e a organização concedeu mais 15 segundos a ele.
Em seguida, ele concluiu dizendo que quer a filha estude na escola pública, voltou a falar da qualidade da merenda, chamou a esquerda de “maldita” e pediu novamente para voltar o tempo porque a plateia estava atrapalhando, o que não aconteceu
Em sua réplica, Rose disse que também irá manter as eleições e fará processo seletivo para os coordenadores pedagógicos.
Em sua tréplica, Beto Queiroz voltou a destacar sua revolta com a “classe política profissional” e lamentou gerações que estão sendo perdidas.
Depois, Luso de Queiroz perguntou sobre estrutura física das escolas e material didático ao candidato Beto Pereira.
A pergunta foi simples: apenas o que "ele iria fazer para melhorar a estrutura nas escolas?". Em seguida, Luso usou o resto do tempo para criticar a fala anterior de Beto Figueiró sobre a merenda, o que fez o candidato do Novo levantar de sua cadeira e ir tomar satisfação com dedo em riste. Os ânimos foram apaziguados e o debate continuou.
Em relação à pergunta, Beto Pereira disse que Educação é um assunto sério, que o Estado promoveu uma arrojada reforma de prédios públicos. Também criticou as quase 10 escolas em Campo Grande que estariam inacabadas.
Na réplica, Luso criticou o fato de, segundo ele, o PSDB não ter conseguido implantar a escola integral da forma como havia prometido.
Em sua tréplica, Beto disse que Luso está desinformado que está sendo cumprido o Plano Nacional de Educação, mas que Campo Grande está muito aquém.
Camila Jara perguntou sobre superlotação na sala e oferta de vagas para demanda da Educação Infantil para Luso Queiroz. Jara disse que Educação não pode ser tratada com desdém e criticou Adriane pode ela, supostamente, repetir que está só há dois anos como prefeita, porque foi vice outros seis anos e podia ter contribuído.
Luso respondeu que a falta de vagas é um problema crônico, que em São Paulo conseguiram zerar, utilizando salas vazias de escolas privadas.
Camila, então, defendeu articular recursos com Governo Federal, mas com recursos públicos, que é responsabilidade do poder público.
Por último, Beto Pereira perguntou sobre condições de trabalho do magistério para Camila Jara. O tucano perguntou quais seriam as diretrizes para melhorar a qualidade de vida do profissional da educação.
Camila Jara respondeu que irá ampliar os concursos públicos, permitir que professores saiam para fazer Mestrado e Doutorado, para uma educação de maior qualidade e também que irá implementar um plano de cargos e carreira.
Em sua réplica, Beto disse que Campo Grande tem uma dívida com os professores, que vai quitar essa dívida e que educação não é um trabalho só dos professores.
Por fim, Camila afirmou que não existe serviço público de qualidade sem valorização.
3° bloco - Beto Pereira respondeu a pergunta sorteada sobre “Qual é base da proposta para melhoria da sala de aula, climatização e tecnologia?”.
Beto destacou a importância de uma estrutura digna. Criticou que as salas de tecnologia acabaram, que precisa dar oferta e investir em laboratórios para dar educação de qualidade, que as salas foram acabando a medida que os recursos foram minguando e que é preciso uma gestão eficiente, além de racionalizar os gastos.
Camila Jara respondeu sobre “Qual a proposta para valorização dos professores para o piso 20 horas”?
A petista afirmou que não deveria ser pergunta. Que se é lei tem que ser cumprida. Resgatou feitos do governo Zeca do PT e disse que o piso é apenas mais um instrumento de valorização e não o todo.
Luso de Queiroz respondeu sobre, se na opinião dele o “coordenador pedagógico precisa passar por um concurso?”, o psolista se limitou a dizer que essa decisão é da própria classe, que quem vai decidir é a ACP.
Rose Modesto respondeu a pergunta sobre “Qual a proposta para melhorar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de Campo Grande”.
Rose afirmou que o Ideb de Campo Grande está abaixo da média desde 2013, que é preciso pensar em investir em uma infraestrutura menor, com menos alunos por sala de aula e muitas delas sem ventilação, que as escolas não têm investimento e que os laboratórios acabaram.
Adriane Lopes respondeu sobre “Qual sua política para educação especial?”
Adriane disse que Campo Grande avançou muito nos últimos dois anos, que abriu o primeiro Centro de Diagnóstico da Educação Especial de Campo Grande, que nem prometeu e fez.
Beto Figueiró respondeu sobre “A proposta para liberar professores para fazer Mestrado e Doutorado”.
O candidato do Novo disse ter uma proposta disruptiva, que as crianças estão sendo vilipendiadas pela classe política e que existe uma cadeia hereditária na classe política, que ele traz o inconformismo com essa situação.
4º bloco - O quarto bloco ficou reservado para as considerações finais e para que os candidatos assinassem ou não uma Carta Compromisso com tópicos relacionados a melhoria da educação pública. Apenas o candidato Beto Figueiró não assinou a carta.
Beto Pereira disse que o debate foi extremamente produtivo. Lembrou do pai, o ex-senador Valter Pereira que lutou pela Educação e lembrou de ter sido primeiro prefeito a implantar a escola integral quando era prefeito de Terenos.
Adriane Lopes assinou o a carta e falou que irá fazer concurso público para magistérios, e agora com a necessidade de novas 150 salas, que vai chamar mais 157 professores. Também falou que pretende fazer concurso para área administrativa
Camila Jara lembrou que foi eleita vereadora e deputada federal mais jovem de Mato Grosso do Sul e falou da decepção que foi a faculdade por conta de política como a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que por isso preza pela Educação.
Luso Queiroz agradeceu aos professores da sua juventude, disse que é um candidato ligado com o povo brasileiro, que sabe pegar ônibus, que não é investigado e tem ficha limpa.
Rose Modesto lembrou que sua história tem relação com educação não só porque é professora, mas por ter ficado 10 anos em sala, reconhece a Educação por tudo que proporcionou na vida dela.
Beto Figueiró começou justificando o porquê não assinou a Carta Compromisso, que considerou “tímida” e “pequena” e irritou a platéia Depois voltou a elogiar Camila Jara e criticar oponente que estaria usando a direita, mas que na verdade são de esquerda, tendo como principal alvo o PSDB.
*Matéria atualizada às 12h10 para acréscimo de informação.
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