Aliado até agora, PT reage após Riedel defender anistia ao 8/1
Petistas discordam da fala do tucano e abrem possibilidade para deixar base do Governo
As lideranças do PT em Mato Grosso do Sul reagiram contra o posicionamento do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), em defesa da anistia aos presos pela invasão dos três poderes no dia 8 de janeiro de 2023. Os parlamentares petistas emitiram notas criticando a fala do tucano e abrindo a possibilidade da legenda deixar a base do Governo do Estado.
RESUMO
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Lideranças do PT em Mato Grosso do Sul criticam o governador Eduardo Riedel (PSDB) por defender anistia aos presos pela invasão dos três poderes em 8 de janeiro de 2023. Parlamentares petistas emitiram notas criticando a fala do tucano, levantando a possibilidade de deixarem a base do Governo do Estado. A deputada estadual Gleice Jane (PT) defende a saída do partido da base de Riedel, enquanto o ex-governador Zeca do PT discorda publicamente da posição do governador, mas não acredita que a saída do governo seja o caminho. O deputado federal Vander Loubet (PT) também discorda do apoio de Riedel à anistia, considerando-o 'algo vergonhoso'. A deputada federal Camila Jara (PT) reafirmou seu posicionamento contra a anistia, argumentando que ela é um escudo para proteger generais e Jair Bolsonaro. Riedel defendeu anistia parcial para os réus dos atos antidemocráticos, com critérios que considerem a gravidade de cada caso, e cobrou que o Congresso Nacional vote o tema.
A deputada estadual Gleice Jane (PT), líder do partido na Assembleia Legislativa, afirmou que a concessão de anistia a “é uma grave afronta à justiça, à verdade e à memória histórica” e “que os culpados sejam devidamente punidos”. A petista ainda defende a saída do partido da base de Riedel. “Reafirmo minha posição de que o PT não pode mais compor este governo”.
O ex-governador e deputado estadual Zeca do PT, fez questão de “discordar publicamente da posição manifestada pelo governador Eduardo Riedel”. Em nota ele aponta que a defesa pela anistia evidencia a aproximação do tucano à direita. “Fica claro que Riedel quer anistia para o inelegível e inominável ex-presidente [Jair Bolsonaro (PL)] e esconde sua intenção falando das pessoas que foram devidamente julgadas e presas”, disse.
Zeca reforça que os presos do 8 de janeiro não são “velhinhas inocentes”. “Que o governador e seus aliados conservadores, como Tereza Cristina e outros [...] continuem articulando projetos para disputar com Lula e PT. Trata-se se prerrogativa deles. Porém, ser porta-voz do atraso e da infâmia é demais e me envergonha”, completou o deputado.
Sobre a saída do governo, Zeca é categórico e diz que não acredita ser o caminho. “Nós juntamos lá a pedido. Ele que nos ofereceu, reconhecendo o papel que o PT teve na eleição dele. Se não for apoio do PT, ele não ganhava do pior, que era o candidato do Bolsonaro. Portanto, é um reconhecimento e não temos porque abrir mão disso. Se ele quiser, ele que nos tire”.
O ex-governador ainda ressaltou que permanecer no governo garante a defesa das pautas do partido. “Nós não estamos lá a serviço do governo do Riedel, nós estamos lá a serviço da agricultura familiar, a serviço dos indígenas que precisam de dignidade e respeito, a serviço dos quilombolas, por isso que nós estamos lá e temos que ficar”, finalizou.
Já o deputado federal Vander Loubet (PT) disse que discorda inteiramente do apoio de Riedel à anistia. “algo vergonhoso”. “Defendemos que cada envolvido seja processado e julgado de acordo com a gravidade de seus atos. E penso que assim deve, no fundo defender o governador”, completou.
Nas redes sociais a deputada federal Camila Jara (PT) reafirmou seu posicionamento contra a anistia. “Estão tentando te convencer que o que aconteceu no dia 8 de janeiro foi só um protesto exagerado ou vandalismo, mas o que aconteceu foi muito mais grava, foi uma tentativa de acabar com a sua de escolha”, disse.
Sem citar o nome de Riedel, ela diz que a defesa da anistia em outro objetivo. “Não é com essas pessoas que eles estão preocupados, a anistia é um escudo para proteger generais e Jair Bolsonaro. Querem aplicar impunidade com outro nome. O Brasil já errou quando anistiou torturadores”, completou.
A reportagem acionou a assessoria do Governo do Estado sobre a composição de base do Executivo. Porém até a publicação da matéria não teve retorno.
Pró anistia - O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), defendeu anistia parcial para os réus dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, com a adoção de critérios que levem em conta a gravidade de cada caso. A declaração foi publicada no Instagram no último sábado (5), acompanhada de fotos ao lado da senadora Tereza Cristina (PP) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Segundo Riedel, é necessário revisar as punições aplicadas, considerando a diferença de condutas entre os envolvidos. “Tenho conversado recentemente com o governador Tarcísio, a senadora Tereza Cristina, entre outros líderes do nosso país, a fim de defender uma revisão da dosimetria de penalizações sobre os acusados do 8 de janeiro”, escreveu.
O governador afirmou que, em muitos casos, a anistia teria caráter humanitário. “Considero necessário aprovar uma anistia, que em muitos casos também tem caráter humanitário”, disse. Ele destacou que não é possível aplicar as mesmas penalidades a situações distintas: “Não dá para julgar e penalizar com a mesma régua o que é completamente diferente”.
Riedel também cobrou que o Congresso Nacional vote o tema. “Acredito que o Congresso Nacional tem obrigação de votar a matéria, considerando-a inclusive como um passo imprescindível para a pacificação do país”.
Na publicação, ele criticou o que chamou de “excessos do atual momento” e defendeu o fim dos confrontos ideológicos. Para o governador, o foco deve estar em soluções para os problemas reais do país.
Segundo dados divulgados pelo MPF (Ministério Público Federal), 1.413 pessoas foram denunciadas pelos atos, sendo 1.156 incitadores, 248 executores, 8 agentes públicos e um financiador.
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