Após notificar prefeito, vereadores e secretário, mistério ainda cerca caso
Há um clima de mistério em torno da investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que foi deflagrada no dia 11 de março com o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão em Campo Grande, inclusive na casa do prefeito Gilmar Olarte, e a prisão de Ronan Feitosa na capital paulista. Além dessa investigação do Gaeco, Ronan, que foi ex-assessor do gabinete da vice-prefeitura na Capital, já responde a processo por estelionato.
Está claro que Olarte vem sendo investigado pelo Gaeco, já que o processo tramita no Tribunal de Justiça do Estado, em razão do foro privilegiado do prefeito, e que, para o órgão, os vereadores podem ajudar a esclarecer os fatos. Corrobora também nesse sentido o fato de o secretário municipal de Governo, Rodrigo Pimentel, que é o articulador político do prefeito, ter sido chamado a prestar esclarecimentos no mesmo procedimento.
Nesta terça-feira (22), com a notificação dos três vereadores do PT do B (Eduardo Romero, Otávio Trad e Flavio Cesar) para prestarem declarações como testemunhas, amplia-se a espectro da investigação e surgem indícios de que o objeto do procedimento do Gaeco gira em torno da cassação de Alcides Bernal, no dia 12 de março. Aliás, Bernal tem falado desde que as investigações começaram que a apuração ocorre em torno de um vídeo que levou ao Ministério Público sobre a armação de um esquema para tirá-lo do poder.
Mesmo o prefeito já fez declaração nesse sentido. No dia em que houve apreensão de documentos em sua residência, o progressista declarou à imprensa: “Não sei precisar, mas deve ser sobre esses vídeos que estão circulando na internet. Tenho certeza que é isso”, ressaltou.
A um vereador de sua base na Câmara, Gilmar Olarte afirmou que está tranquilo quanto ao desfecho da investigação, argumentando que sempre procurou agir com lisura em sua vida profissional e política. “Falei com prefeito e ele me disse: Estou muito tranquilo. Não devo nada”, contou o parlamentar.
Um dos vereadores convocados pelo Gaeco para testemunhar, Otávio Trad afirmou hoje que não sabe em que poderia contribuir com a investigação. Disse que não sabe o motivo de ter sido chamado e informou que vai pedir adiamento do seu testemunho, marcado para o próximo dia 25. “Pretendo ver se posso mudar o depoimento para antes ou após o período. Do ponto de vista jurídico, entendo que testemunha é para colaborar com a investigação”, afirmou Trad, alegando que já tinha viagem marcada dois meses antes.
Dúvidas na Câmara - O presidente da Câmara de Campo Grande, vereador Mário Cesar (PMDB), afirmou esta tarde que há muita incerteza sobre o rumo da investigação. “O que sabemos é que três vereadores foram notificados como testemunhas num processo, cujo número me parece que é o 02/2014”, afirmou o peemedebista.
Indagado se não há possibilidade de mais vereadores serem convocados para depor no Gaeco, Mario Cesar disse não ter a menor idéia sobre isso. “Não sei se haverá novas notificações, temos de aguardar os fatos”, respondeu. “Não sei qual o objetivo desse procedimento. Não tenho nenhuma informação”, acrescentou.
Já o líder do prefeito na Câmara, vereador João Rocha (PSDB), também disse que n ão tenho nem noção do que está na alça de mira do Gaeco. “A coisa está ficando extremamente ampla, já que o Gaeco está indo na Assembleia Legislativa, na Câmara e na Prefeitura”, apontou.
Para João Rocha, o importante é que se façam todas as averiguações que o Ministério Público julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos. Questionado também se acredita que mais vereadores serão chamados a testemunhar, o líder do prefeito declarou: “Não tenho noção. A gente fica sem saber”.
Considerou, porém, “estranho” que apenas os vereadores do PT do B tenham sido chamados pelo Gaeco para dar testemunho. “E nem na intimação tem o motivo; só vem o número do processo investigatório”, asseverou.
Ao mesmo tempo que a convocação dos três vereadores como testemunhas apontam como foco principal da investigação o prefeito Gilmar Olarte e os membros da Câmara, a notificação de Ismael Faustino, ex-assessor do ex-deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB), complica ainda mais o quebra-cabeça que virou essa investigação sigilosa do Gaeco.