Assembleia relembra como MS votou em plebiscito pela República
Essa semana, com a comemoração dos 134 anos da República, Casa resgata episódios históricos
Na semana em que são comemorados os 134 anos da Proclamação da República, próximo dia 15, a Assembleia Legislativa resgatou como foi o posicionamento dos sul-mato-grossenses há 30 anos, quando foi realizado plebiscito para perguntar aos eleitores qual forma de governo preferiam. Ainda com a votação em cédulas de papel, 838.632 sul-mato-grossenses foram às urnas, com 66,76% favoráveis à permanência da república como forma de governo.
Na votação, a monarquia contou com a preferência de 11% do eleitorado local, menor expressão que os votos nulos, que foram 12,73%. O plebiscito ainda ouviu os eleitores sobre os sistemas de governo, com preferência ao presidencialismo (58,14%), em vez do parlamentarismo (23,9%).
A Casa Legislativa relembra que à época da votação, diante da mobilização que o tema provocou, os deputados aprovaram projeto prevendo a obrigatoriedade de debates na rede de ensino para esclarecer a comunidade escolar, iniciativa apresentada pela então deputada Marilene Coimbra.
Embora Mato Grosso do Sul ainda não existisse à época da proclamação (a criação é de 1977), Mato Grosso já era uma província com expressão no contexto nacional. A descoberta de ouro chegou a colocar Cuiabá entre as principais cidades do País no período colonial.
A Assembleia resgata o fato de que à época dos debates pela proclamação, um dos protagonistas do movimento pela República em substituição à monarquia, o general Manuel Deodoro da Fonseca, encontrava-se em Mato Grosso, enviado para longe para neutralizar sua participação nos debates, segundo consta no livro História de Mato Grosso do Sul, de Hilbebrando Campestrini e Acyr Vaz Guimarães.
Os autores mencionam que ele se deslocou com a missão de "reorganizar as forças militares da fronteira e estudar a implantação da linha telegráfica de Corumbá a Cuiabá", entretanto, por conta própria, dois meses antes da proclamação, em setembro, voltou ao Rio de Janeiro e coube a ele, em 15 de novembro de 1889, fazer a proclamação e assumir a presidência. A nova configuração elevou as províncias a estados, com a mudança sendo adotada em Mato Grosso em 9 de dezembro.
A demora, apontaram os historiadores, se deu ao tempo que levou até a notícia da proclamação chegar à então província. Os autores lembram que as lideranças locais aclamaram como governador o general Antônio Maria Coelho e comparam que até nos países vizinhos já se sabia da queda da monarquia. "Para comparar: no dia 20 de novembro do mesmo ano, a Argentina e o Uruguai reconheciam o novo regime", contam no livro.