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Política

Atraso de 13º, contas bloqueadas e buraqueira na última semana de Bernal

Chega ao fim um dos mandatos mais polêmicos e conturbados que Campo Grande já viveu em seus 117 anos.

Alberto Dias | 26/12/2016 15:39
Alcides Bernal (PP), que chegou a vencer Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2012, sequer chegou ao segundo turno em 2016. (Foto: Alcides Neto)
Alcides Bernal (PP), que chegou a vencer Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2012, sequer chegou ao segundo turno em 2016. (Foto: Alcides Neto)

Alcides Jesus Peralta Bernal. O radialista que conquistou a prefeitura de Campo Grande em 2012 chega em seus últimos cinco dias de mandato com cinco contas bloqueadas pela Justiça, 1 mil servidores sem 13º salário, outros 1 mil comissionados aguardando a demissão na próxima semana, contas no vermelho, repasses atrasados e muito, muito por fazer. Nas ruas, uma cidade devastada por intensas chuvas e as operações tapa-buracos todas suspensas.

"Com os recursos bloqueados, pouco dá para se fazer", justificou o prefeito nesta segunda-feira (26), via assessoria. Recursos esses, porém, que não devem chegar a R$ 7 milhões. Diante deste cenário, a atual gestão admite que a situação financeira não é nada boa. E questionados sobre o porquê de tamanha derrocada, a resposta é curta e direta: "Quando o prefeito foi cassado em 2014 havia R$ 240 milhões em caixa. Quando retomou ao cargo não havia nada, apenas dívidas".

Até sexta-feira (30), o prefeito cumpre expediente normalmente no Paço Municipal, sem eventos, festas ou comemorações. Ao que tudo indica, será uma saída à francesa.

Se vai descansar? Viajar? Tirar férias? Pensar nas eleições de 2018 ou simplesmente esquecer tudo isso? Alcides Bernal deve permanecer na cidade, pelo menos por enquanto, cuidando da mãe octagenária que não está bem de saúde.

Buracos tornaram-se marca registrada da atual gestão, com destaque na mídia nacional (Foto: Marcus Moura)
Buracos tornaram-se marca registrada da atual gestão, com destaque na mídia nacional (Foto: Marcus Moura)

Durante esta semana, não há agenda confirmada com o prefeito eleito Marquinhos Trad (PSD), que pediu ao Legislativo o congelamento de salários, prometeu exonerar comissionados, extinguir secretarias e enxugar a máquina administrativa para tentar reverter a situação. Apenas a equipe de transição segue aferindo problemas, como os contratos com empresas de tapa-buracos; o 13º salário atrasado; assim como o repasse ao Hospital do Câncer, etc.

"Vamos pagar o que dá para pagar". E o que tiver garantia, ou seja, dinheiro na conta, ficará para o próximo gestor, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal", garante o ainda prefeito.

Em sua trajetória, Bernal bem que tentou. Em maio, chegou a anunciar que "a cidade quebrada voltava a crescer". Frase dita por ele para comemorar investimentos de R$ 45 milhões na retomada de 44 obras que sequer foram inauguradas.

Para concluir seu projeto político, pediu uma nova chance nas urnas, mas foi vencido ainda no primeiro turno por seus adversários Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (PSDB).

"Não consegui governar porque fui vítima de um golpe de criminosos", justificou por reiteradas vezes o progressista, ao lembrar que foi afastado por suspeita de improbidade administrativa. Aliás, da Prefeitura, além de quilos a menos, alguns inimigos políticos e frustrações por ter querido fazer mais, Bernal também carrega pelo menos cinco ações civis na Justiça por atos ilegais e contrário aos princípios básicos da boa administração pública.

Termo, aliás, que virou desejo em toda a cidade: boa administração pública.

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